Fazendo a minha leitura diária encontrei, na revista do CRO, a reportagem “O Retrato da Saúde Bucal no Estado de São Paulo”.
O levantamento foi coordenado pelo professor Antonio Carlos Pereira da Unicamp, por Vladen Vieira (da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo) e por Antonio Carlos Frias da FOUSP. O levantamento envolveu 17.560 pessoas de 162 municípios e revelou indicadores surpreendentes sobre as condições bucais da população paulista, em 2015. Envolveu mais de 600 profissionais, de mais de 250 equipes de saúde bucal.
De acordo com a reportagem, a ideia é que os resultados desse levantamento permitam um melhor conhecimento da situação epidemiológica e das condições bucais no Estado, de modo a servir de orientação e base para o planejamento e a execução de políticas públicas.
Os indivíduos que integraram a amostra foram divididos em três grupos etários: adolescentes (de 15 a 19 anos); adultos (de 35 a 44 anos); e idosos (65 anos ou mais).
O percentual dos entrevistados que acreditam que necessitam de tratamento odontológico foi: 62,74% dos adolescentes; 77,86% dos adultos; e 59,89 % dos idosos.
O índice de CPOD (dentes cariados, perdidos por cáries e restaurados) é de: 3,57% para adolescentes; 15,84% para adultos; e 59,89% para os idosos.
Essa prevalência de cárie no adolescente é moderada (3,57%). De acordo com a reportagem, embora esta seja melhor do que as médias verificadas no levantamento estadual de 2002 (6,4) e nos dados da região Sudeste no Levantamento Saúde Bucal Brasil 2010 (3,83). O percentual de livres de cárie deu um considerável salto de 2002 para 2015 (de 9,7 % para 28,96 %).
Nos adultos ainda persiste um alto número de dentes extraídos (6,30), embora se observe melhoras na última década (eram 11,25 em 2002).
A pesquisa apontou que 56,18% dos adolescentes entrevistados necessitavam de tratamento odontológico, assim como 39,17 % dos adultos e 47,69 % dos idosos.
Quando questionados se sentiram dor durante os últimos seis meses, o resultado foi: 27,38 % dos adolescentes, 39,81% dos adultos e 25,09 dos idosos, disseram ter sentido dor. Isso é preocupante, pois afeta a qualidade de vida, atrapalha a alimentação, o sono, trabalho, e todo o dia a dia.
Em relação ao uso de próteses dentárias: 1% dos adolescentes, 19,94% dos adultos e, infelizmente, 79,96 % dos idosos relataram fazer uso.
Numa avaliação da própria saúde bucal, o resultado obtido foi: 60,24% dos adolescentes, 39,93% dos adultos e 52,99% dos idosos se disseram satisfeitos ou muito satisfeitos.
Em relação ao uso dos serviços odontológicos: 96,58% dos adolescentes foram ao cirurgião-dentista pelo menos uma vez na vida, sendo que 57,17% o fizeram nos últimos 12 meses e 83,99% avaliaram a consulta como boa ou muito boa. Entre os adultos 99,03% consultaram o cirurgião-dentista uma vez na vida e 51,01% o fizeram nos últimos 12 meses; sendo que 82,75% avaliaram a consulta como boa ou muito boa. Já entre os idosos o resultado foi: 98,12% alguma vez consultaram o cirurgião-dentista e 27,67% o fizeram nos 12 meses; e 79,82% consideraram boa ou muito boa a última consulta.
O estudo relatou necessidade de tratamento de endodontia (canal): 4,20% dos adolescentes, 6,31% dos adultos e 1,78% dos idosos.
Necessitam de exodontia (extração): 6,80% dos adolescentes, 17,26% dos adultos e 20,14% dos idosos.
Em relação às condições periodontais o resultado obtido foi:
- adolescentes: 55,92% sem doença periodontal, 33,49 % com sangramento, 31,49% com cálculo e 8,42% com bolsas rasas ou profundas.
- adultos: 26,25% sem doença periodontal, 44,88% com sangramentos, 57,33% com cálculo e 27,12% entre os com bolsas rasas ou profundas.
- idosos: 3,69% sem doença periodontal, 44,90% com sangramento, 60,63% com cálculo e 37,53% com bolsas rasas ou profundas.
A pesquisa nos mostra uma melhora no quadro de saúde bucal, mas o número de pessoas que necessitam de restaurações, extrações e tratamento de canal ainda é elevado. No tocante a necessidade de prótese os números vêm caindo, o que é muito bom. Porém, em relação aos idosos é preocupante o número que utiliza prótese.
Acredito que se nossos governantes se voltarem para prevenção como fator fundamental para a formação de uma Geração sem Cáries, e investirem nisso, poderemos ter uma mudança ainda maior neste quadro.
A conscientização da população não é fácil. O trabalho preventivo começa com a gestante e, com a erupção do primeiro dentinho a criança já deve visitar o consultório do dentista.
É preciso um trabalho educativo e que as pessoas se conscientizem da importância dos cuidados com a dentição de leite. As crianças devem ser orientadas a cuidar de seu sorriso. Somente assim conseguiremos ter adultos com um sorriso saudável. O custo com a prevenção será bem menor e é indiscutível o benefício que traz.