terça-feira, 30 de setembro de 2014

Estética nos dentes decíduos (de leite)



O último curso que assisti no ALOP 2014 foi com a Dra. Maria Salete. Quem é profissional da área odontológica sabe da importância que ela tem para a odontopediatria.
Neste evento, a Dra. Maria Salete nos presenteou com o tema “Estética nos Dentes Decíduos”. De acordo com ela, a criança de hoje também se preocupa com a estética. Além dos responsáveis estarem em busca de um sorriso aceito na sociedade, as crianças estão mais preocupadas também. Vale ressaltar, que a estética é individual. Às vezes o que está bom para um indivíduo, não está para outro.
Segundo a profissional, senso de beleza, refinamento, expressão, interpretação e experiência tornam o indivíduo original. O tratamento estético pode realçar a imagem física do paciente. O sorriso encanta e é uma qualidade para a aparência do indivíduo.
Durante sua palestra, a Dra. Maria Salete nos orientou em relação a manchas intrínsecas, manchas extrínsecas, facetas diretas em resina composta, coroas totais anteriores diretas e indiretas, próteses fixas, mantenedores de espaço e prótese total. Não entrarei em detalhe sobre cada tópico, por se tratar de assunto técnico e totalmente voltado para a odontopediatria.
Autora de diversos livros que são de grande valia para os profissionais da área, a importância da Dra. Maria Salete, para nossa odontopediatria, fica evidente pela forma como sua suas aulas são disputadas, pois ela tem o dom da palavra. É sempre muito bom ouvi-la. Me emocionei quando, ao final do curso, ela foi aplaudida por todos os participantes de pé, essa foi mais uma prova do carinho e respeito que todos tem por ela, e de sua importância para a odontopediatria.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Prevenção da Cárie em Odontopediatria – Riscos e Intervalo de Retorno

         

Dr. Fausto Mendes que entregou o certificado, ao lado dele a Dra. Denisse, 
e logo depois,Dra. Jenny

            “Prevenção da Cárie em Odontopediatria – Riscos e Intervalo de Retorno” foi o tema que mais me interessei o congresso ALOP 2014, pois a prevenção é o meu dia-a-dia no consultório. Meu maior desafio é conscientizar os pais da importância da prevenção, para a formação de uma geração sem cáries. Mesmo com todo avanço da odontologia preventiva e sua divulgação nos meios de comunicação, infelizmente ainda existem crianças com cárie. Eu acredito que isso se deve a fatores culturais e econômicos.
Segundo a Dra. Denisse Aguilar Galvez, do Peru, seria de grande importância o trabalho conjunto de ginecologista-pediatra-odontopeditra.
A prevenção deve se iniciar com a gestante. Os profissionais tem que mostrar à futura mamãe a importância de cuidar da sua saúde bucal e depois da boquinha do bebê. Devemos motivá-las a terem esses cuidados.
Para a mamãe são passados, além dos cuidados com a higiene bucal, os cuidados com o aleitamento materno, alimentação, uso da chupeta, mamadeira e tudo que interfira na saúde bucal do bebê.
De acordo com a Dra. Denisse, a prevenção tem como base a higiene bucal e o controle do biofilme (placa bacteriana). Como eu já escrevi diversas vezes no blog: a prevenção é simples, menos onerosa e é necessário disciplina por parte dos responsáveis para um resultado positivo.
Uma maneira de motivar os pais a cuidarem da boquinha de seus filhos é mostrar o biofilme (placa) que se forma no dentinho, e ensiná-los que esse é o início para formação da cárie. Portanto, é necessário uma boa escovação e uso do fio dental diariamente, para mantermos a saúde bucal.
A Dra. Jenny Abanto, que também ministrou a palestra sobre o tema acima, nos lembrou que a cárie é uma doença multifatorial. Todos os pacientes tem risco à cárie. É preciso fazer uma boa avaliação para determinar esse risco.
Segundo a Dra. Jenny, existe uma relação socioeconômica e de escolaridade dos pais, com os fatores de risco. O que significa que esse fator, que contribui para o aumento do risco e o aparecimento de novas lesões de cárie, ou o aumento das lesões já existentes, pode ser biológico e/ou social.
O consumo de açúcar é o maior problema para desenvolver a cárie, em pacientes que não estão expostos a aplicação de flúor. Segundo evidências científicas, sem o uso regular de dentifrícios fluoretados, uma desmineralização do esmalte ocorre com apenas três exposições diárias ao açúcar.
A Dra. Jenny relata que existe associação entre mãe e filho de transmissão do microrganismo da cárie, mas isso não quer dizer que a criança irá desenvolver a cárie. A microbiota cariogênica a criança adquire da mãe, babá, pai, amigos, enfim toda criança acabará tendo essa transmissão, faz parte da natureza do bebê. Mais importante do que a transmissão de microrganismo é a transmissão de hábitos de higiene e alimentação, que muitas vezes são incorretos.
A transmissão desses hábitos é que fará a diferença para que uma criança cresça sem cáries. O risco de cárie muda e a criança deve ser reavaliada a cada visita ao consultório. Vale ressaltar que o risco pode ser diferente, de uma criança para outra. Precisamos avaliar fatores biológicos e socioeconômicos.
O intervalo das prevenções será determinado com base no risco e atividades de cáries específicos de cada paciente, e de acordo com a experiência do profissional, finalizou a Dra. Jenny.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Saúde bucal das crianças no Brasil



Durante o ALOP 2014 tive a oportunidade em ouvir o Dr. Marco Antonio Manfredine. Ele nos trouxe os dados mais recentes da situação da saúde bucal no Brasil.
De acordo com o último levantamento, realizado em 2013, houve uma diminuição no número de crianças com cárie, em determinadas regiões do nosso país. Há uma desigualdade muito grande, crianças nascidas na região norte, tem quase o dobro de chance de ter cárie, do que crianças que nascem na região sudeste.
A pesquisa foi realizada em 177 municípios, 26 capitais, Distrito Federal e 30 municípios de cada região do país.
Foram entrevistados e realizados exames bucais em 38 mil habitantes, divididos por faixa etária:
- crianças aos cinco anos;
- crianças aos 12 anos;
- adolescentes de 15 a19 anos;
- adultos de 35 a 44 anos; e
- idosos de 64 a 74 anos.
 O resultado demonstrou que houve um aumento no número de crianças de 12 anos, livres de cáries, passando de 31% para 44%. De acordo com o Dr. Marco, isso significa que 1,6 milhões de dentes deixaram de ser afetados pela cárie, levando em consideração crianças dessa faixa etária, entre os anos 2003 e 2010.
O Dr Marco relata que todas as regiões melhoram seu índice, dentro desse período, exceto a região norte, que teve um ligeiro aumento. Os valores extremos (norte e sudeste) mostram uma diferença de quase 90%.
Uma atenção especial deve ser dada a dentição de leite, pois durante a realização do exame clínico em crianças de cinco anos, a média foi 2,3 dentes cariados, sendo que desses apenas 20% estavam tratados no momento do exame. Há uma necessidade de melhorar o acesso dessas crianças ao serviço odontológico, pois a quantidade de dentes tratados é muito insatisfatória.
Foi constatado que a presença de cálculo e sangramento gengival é mais comum entre os que têm 12 anos, e os adolescentes. As formas mais graves da doença periodontal aparecem de modo mais significativo nos adultos (35 a 44 anos), em que se observa uma prevalência de 19%.
Problemas de oclusão foram avaliados em crianças de 12 anos e adolescentes entre 15 a 19 anos. O resultado apontou que aos 12 anos, 38% apresentam problema de oclusão. Em 20% dessas crianças, os problemas se expressam da forma mais branda. Outros 11% tem oclusopatia severa e 7% muito severa, sendo que essa precisa de medidas urgentes para realização do tratamento, sendo uma prioridade em termos de saúde pública.
Com relação a fluorose no Brasil, 16,7% apresentaram o problema, sendo que 15,1%  são de nível muito leve (10,8%) e de nível leve (4,3%); e 1,5% moderada. O percentual de examinados com  fluorose grave pode ser considerado nulo. A região com maior índice é o Sudeste (19,1%), e a com menor é o Norte (10,4%).
De acordo com a pesquisa em relação a dor de dente, 23% referiram ter sofrido dor nos seis meses anteriores a pesquisa. Estes percentuais variam pouco entre os cinco e 44 anos (21% aos cinco anos; e 27% entre 35 e 44 anos). O percentual diminui para 10% nos idosos entre 65 a 74 anos, provavelmente decorrente da perda de dentes.
A política nacional de saúde bucal consiste em promoção, prevenção, recuperação e manutenção da saúde bucal dos brasileiros.
Concluindo a pesquisa, a saúde bucal no Brasil melhorou nos 20 anos de SUS. Isto se constata na redução de cárie entre crianças e adolescentes; ampliação do acesso da população a fluoretação da água e consumo de produtos de higiene bucal; e expansão dos serviços públicos odontológicos e implantação de um dinâmico complexo médico-industrial na área odontológica.

Ainda de acordo com o Dr. Marco, persistem graves problemas como a presença de elevados índices de doenças bucais em determinados grupos populacionais, como adultos e idosos; a distribuição desigual das doenças bucais, de acordo com os determinantes sociais e as disparidades regionais; a dificuldade no acesso à assistência odontológica; e o aumento no número de casos e óbitos por câncer bucal.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Doutoras Sandra, Suzana e Ana Maria: profissionais cheias de conteúdo





Nunca me canso em ouvir a Dra Sandra Kalil Bussadori, pois ela sempre nos traz casos clínicos maravilhosos e que são de muito aprendizado. Sou grande admiradora de seu trabalho e uso, no dia a dia da clínica, o Papacárie que foi idealizado por ela. E pela foto acima dá para perceber que não sou apenas eu fã do trabalho desenvolvido por ela, já que a sala ficou totalmente lotada.
Infelizmente, o tempo foi curto para a explanação da professora e isso me deixou um gostinho de ‘quero mais’. Desta vez aprendi mais sobre o clareamento em dentes decíduos e permanentes jovens.

Hipoplasia molar-incisivo
Após ouvir a Dra Sandra, tive a oportunidade de conhecer o trabalho da Dra Suzana M Uribe, da Costa Rica. Ela nos presenteou com o tema “Hipoplasia molar-incisivo. Diagnóstico e tratamento.” A hipoplasia, também conhecida como MIH, tem mobilizado pesquisadores do mundo inteiro, já que está aumentando o número de crianças e dentes com o problema.
A Dra Suzana ressaltou a importância de um diagnóstico preciso, e que o profissional deve saber a diferença entre hipoplasia, fluorose e amelogênese imperfeita para que, assim, possa dar o melhor tratamento ao seu pequeno paciente.
Segundo ela, a maior prevalência está na Europa, que varia de 3,6% a 25%, sendo que 30% estão associados aos dentes incisivos. Pode variar de um a quatro molares afetados. Existe uma relação direta entre o número de dentes afetados e sua severidade. O número de dentes afetados varia de 2,5 a 5,7.
No Brasil algumas pesquisas demonstram incidência em crianças de 7-12 anos, 40% em pesquisa realizada no Rio de Janeiro, 20% em Botelho e 12% em Araraquara. De acordo com a Dra Suzana, a MIH pode estar associada a doenças sistêmicas antes dos três anos, como por exemplo: enfermidades respiratórias, asma, rubéola, varicela, antibióticos, epilepsia, deficiências nutricionais, demência e fissura palatina. Também com enfermidades perinatais como: parto prematuro, dificuldades respiratórias, distúrbios metabólicos, hemorragia intracraniana, hipocalcemia, desordens hematológicas e hiperbilirrubinemia.
Dra Suzana disse que ainda não existem evidências científicas em relação aos tratamentos da MIH, mas que muitos estudos estão sendo realizados para que, o mais rápido, tenhamos em mãos o melhor tratamento. Infelizmente em alguns casos existe a necessidade de realizar a extração do dente afetado, e muitas vezes, quando necessário, realizar tratamento restaurador na criança, que tem uma sensibilidade muito grande, e mesmo com o dente anestesiado a sensibilidade persiste.

Complementação
A Dra Ana Maria Biondi, da Argentina, complementou a palestra sobre MIH. Segundo ela, não só está aumentando o número de crianças afetadas, como também o número de dentes afetados. Hoje não são apenas molares e incisivos, em algumas crianças já existe a presença de pré-molares afetados.
Todos os dentes afetados merecem atenção especial com relação à prevenção, já que estes ficam mais susceptíveis a cárie.
Existe uma necessidade global em saber mais, em se entender mais sobre MIH. Precisamos entender a sua epidemiologia, patologia e também o tipo de tratamento ideal, já que temos tido muitos insucessos relacionados ao tratamento da MIH.
Com toda mobilização mundial existente, espero em breve voltar a escrever no blog sobre o assunto, mas com diagnóstico e tratamentos precisos.