segunda-feira, 23 de maio de 2011

Selantes: um método eficaz de prevenção da cárie dental

O controle da cárie dental representa, na atualidade, o grande desafio da Odontologia. Há vários métodos já comprovados para o controle das cáries, como a higiene bucal e a dieta, o flúor e aplicação do selante.
Os selantes são materiais resinosos transparentes, brancos ou matizados que são usados para preencher as superfícies rugosas (sulcos e fissuras) dos dentes posteriores (pré-molares e molares), que usamos para mastigar os alimentos, promovendo a sua proteção. O selante age como uma barreira, uma película protetora que facilita a limpeza dos restos alimentares e o controle da placa bacteriana, reduzindo o risco dessas superfícies desenvolverem cárie.
Devo ressaltar que ele protege apenas a superfície de mastigação, entre um dente e o outro (superfície proximal) devemos usar o fio dental e o flúor para prevenirmos a cárie, por enquanto, pois já estão sendo feitos alguns testes em novos materiais para serem usados nestas superfícies.
O selante quando aplicado não necessita de desgaste do dente e por ser uma película fina não irá interferir na oclusão do paciente. Mas todo dente precisa de aplicação de selantes?
a) Os selantes podem ser aplicados tanto nos dentes decíduos (dentes de leite ), como nos permanentes, especialmente naqueles recém erupcionados. O odontopediatra irá avaliar a necessidade da aplicação de acordo com a profundidade do sulco presente no dente, a dieta e higiene bucal do paciente e o risco de cárie;
b) O selante não substitui o flúor e a higiene bucal, ele é um complemento na prevenção da cárie dentária. O flúor ajuda no combate da cárie dentária, mas é menos efetivo nas superfícies rugosas dos dentes, o mesmo acontece com a escova dental que não consegue alcançar os sulcos profundos, local este que aplicamos o selante e ele é eficiente.
Qual a durabilidade do selante?
Devido a nossa mastigação pode haver a necessidade de retoque ou reaplicação. As crianças que começam a apresentar bruxismo (ranger os dentes) depois da aplicação do selante devem fazer um controle mais severo, pois devido ao bruxismo, pode haver um desgaste maior ou até mesmo a queda do selante. Por tudo isso HÁ NECESSIDADE DE VERIFICAÇÃO PERÍODICA e o odontopediatra irá determinar se há ou não necessidade de reaplicação para manter o efeito protetor do selante.
Como são aplicados os selantes?
Leva cerca de poucos minutos para um dente ser selado. Primeiro, o dente que vai ser selado deve ser limpo, depois, sua superfície rugosa é preparada e o selante é aplicado, ficando aderido à superfície rugosa do dente.

Para obtermos ótimos resultados a prevenção odontológica deve ser feita utilizando todos os métodos preventivos, e o dentista de seu filho irá determinar de acordo com a incidência de cárie, os cuidados de higiene bucal e a dieta o melhor programa preventivo. Esse programa pode variar de criança para criança e também de profissional para profissional, mas sempre lembrando que todos chegam ao mesmo resultado com a ajuda dos pais em casa : GERAÇÃO SEM CÁRIES.


IMPORTANTE: Alguns pais, às vezes, chegam ao consultório vindo de outros profissionais, e quando relatamos a presença de cárie nas proximais em algum dente posterior eles relatam terem feito selante e acusam o profissional de terem deixado cárie por baixo. O que a maioria deles não sabe é que o selante não protege o dente na região proximal (entre um dente e o outro) e somente o flúor, e principalmente, o FIO DENTAL é que fará esta proteção. A cárie na realidade começou neste local por falta de uma boa higiene bucal e foi avançando para as outras regiões. O local íntegro que foi selado não terá cárie, mas ela pode chegar por baixo do selante vindo da região proximal.
Portanto, é fundamental, como sempre falo os pais assumirem seu papel em casa com relação à saúde bucal do seu filho. Podemos usar o selante, o flúor, mas se a criança não tiver uma boa escovação, não usar o fio dental diariamente esses materiais preventivos não serão suficientes.
Relembrando a frase de Selma Horita : “Nós profissionais, somos os dentistas temporários. Os pais são os dentistas permanentes de seus filhos”.

domingo, 15 de maio de 2011

Pasta de dentes com flúor ou sem flúor???

Todos sabem da importância do flúor no controle da cárie dentária. O flúor foi introduzido na água, nos alimentos, nos produtos de higiene bucal e foi ficando difícil controlar a quantidade diária que cada criança ingeria de flúor.
Começaram aparecer casos de fluorose dentária no consultório: manchas brancas que aparecem nos dentes permanentes devido ao excesso de flúor. Devo ressaltar que nem toda mancha branca nos dentes permanentes é fluorose. Apenas o dentista poderá diagnosticar. Conseguimos diminuir o risco de cárie, mas surgiu uma nova batalha. Como diminuir a FLUOROSE?
Alguns pesquisadores da época relataram a importância do uso da pasta sem flúor em crianças que não conseguiam cuspir toda a pasta, e assim controlarmos a fluorose. Desta forma usaríamos o flúor tópico com supervisão do dentista para controle da cárie dentária. Nesse ponto temos outra indagação: todo flúor causa fluorose? Não, somente o flúor que é ingerido pela criança. O flúor que é passado tópico não é prejudicial.
Algumas pesquisas nos mostram que o uso de dentifrícios fluoretados antes dos 2 anos de idade é responsável por 72% DOS CASOS DE FLUOROSE EM DENTES PERMANENTES. Como sabemos que o flúor é importante na prevenção da cárie dentária alguns pesquisadores desenvolveram uma pasta de dente para crianças com uma concentração de flúor menor que não causaria a fluorose. Por um tempo essa foi à indicação de alguns profissionais.
Hoje, de acordo com pesquisas desenvolvidas pelo Porf. Dr. Jaime Cury, para o combate da cárie dentária a pasta sem flúor e esta pasta com baixa concentração de flúor (500ppm de flúor) não seriam eficientes. Ele diz em seus relatos, que os pais devem usar a pasta de dente com flúor (1000-1100 ppm de flúor) e não podem deixar que seus filhos engulam a pasta. Deve–se colocar uma quantidade pequena de pasta (grão de arroz) e ensinar a criança a cuspir. O problema, portanto, não é a concentração do flúor no creme dental, mas a ingestão de grandes quantidades de flúor. Por isso, para diminuir o risco de fluorose, o estudo recomenda a utilização de pequenas quantidades dos cremes dentais convencionais.
No meu dia a dia, como mãe e profissional, aconselho o uso da pasta de dente sem flúor até que a criança passe da idade com maior risco de fluorose, e que já entenda que não se deve engolir a pasta de dente. Para que a criança não fique desprovida do benefício anticárie do flúor, aconselho que sejam feitas aplicações de flúor tópicas pelo odontopediatra. Ressalto aqui que a criança não deve ficar sem nenhum tipo de flúor. Por que essa minha conduta?
Como mãe, retornei ao trabalho algum tempo após o nascimento do meu filho e ele muitas vezes realizava a escovação com outras pessoas (babá avós ou na escola). Desta forma, eu não teria como saber se todas as pessoas teriam os cuidados necessários para que meu filho não estivesse engolindo a pasta de dente. Além disso, meu filho mamava durante á noite e eu realizava a escovação com ele dormindo, e o mesmo acontecia quando chegávamos com ele já dormindo em casa. Portanto, usei a pasta sem flúor até que ele aprendeu a não engolir a pasta, e sempre apliquei o flúor tópico para suprir a falta do flúor na pasta de dente.
O que é muito importante saber é que o flúor e o selante auxiliam no combate a cárie, mas não adianta se não tivermos uma boa escovação e usarmos o fio dental. O que realmente irá remover a placa bacteriana são a escova e o fio dental. As crianças que chegam ao consultório com grandes quantidades de cáries, geralmente são aquelas que os pais não conseguem realizar uma boa higiene bucal. Às vezes, desistem com o choro da criança, ou eles próprios não têm o hábito de realizarem uma higiene bucal satisfatória, ou até mesmo devido a jornada de trabalho diária chegam a casa sem estímulo para isso.
Devido ao alto risco de cárie, essas crianças seriam as que mais precisariam da pasta com flúor para ajudar a combater a cárie. Mas é muito complicado conscientizar esses pais a supervisionarem a escovação de seu filho para que eles não engulam a pasta de dente, já que a presença de cáries é justamente pela sua falta de cuidado com a higiene bucal da criança.
Se quisermos nossos filhos crescendo sem cáries é preciso assumir nossa responsabilidade como pais e nos conscientizarmos da importância de uma boa higiene bucal. Como disse a Professora Doutora Flávia Konishi: “Nenhum especialista pode fazer mais para uma criança do que seus pais.”

RESUMINDO
- O problema, portanto, não é a concentração do flúor no creme dental, mas a ingestão de grandes quantidades de flúor que pode ser a contida no creme dental, na água de abastecimento e alimentos. Por isso, para diminuir o risco de fluorose, o estudo recomenda a utilização de pequenas quantidades dos cremes dentais convencionais.

- Ás vezes o que o dentista do seu vizinho passou, não é o mesmo procedimento adotado pelo odontopediatra do seu filho. Existem linhas de pensamento diferentes quanto ao tipo de pasta, ao uso do flúor no consultório, mas todas elas caminham para um mesmo resultado: Gerações sem cáries.

- Devemos lembrar sempre, que o mais importante é a realização de uma boa escovação e o uso do fio dental para remoção da placa bacteriana.