quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

CIOSP 2014 teve a presença de Jo E. Frencken, da Holanda


Jo E. Frencken iniciou sua aula dizendo que devemos fazer de tudo para mantermos os dentes saudáveis, por toda a vida, e que toda criança deveria ter uma boca saudável.

Ele é totalmente a favor da prevenção e da odontologia de mínima intervenção, evitando reparos de grande extensão. Com essa odontologia conservadora é possível, muitas vezes, realizar o tratamento sem a necessidade da criança tomar anestesia.

Para evitarmos que a criança desenvolva cárie é preciso um diagnóstico adequado do risco de cárie, para adotarmos as medidas preventivas adequadas. Com essas medidas não há como a cárie se desenvolver. É preciso educar a população sobre a importância da prevenção. É preciso capacitar os pais para que ajudem seus filhos com uma boa higiene bucal e com cuidados com a alimentação.

Ele ressalta que ainda há muito trabalho a ser feito, pois muitos colegas ainda acreditam e confiam apenas na remoção com brocas e grande desgaste do dente. “Hoje em dia queremos colocar o uso do ‘motorzinho’ (alta rotação) em 2º lugar”, ressaltou.

E mais uma vez, a mensagem é que a prevenção é a solução. Devemos todos dar ênfase a ela.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Odontologia Intrauterina e do Bebê: um novo olhar da odontopediatria


Eu os chamei de “Quinteto Fantástico”, pois são cinco grandes profissionais da odontopediatria. O ano passado, no CIOSP, eles também estiveram presentes e, como sempre, foi muito bom ouvi-los... sempre com a sala lotada, as vagas esgotadas.

A Profa Dra. Flávia Konishi iniciou falando que vemos tantos avanços na odontologia com relação a técnicas e materiais, mas ainda recebemos crianças com cárie. Isso nos leva a crer que falta educação dos pais.

Em 1990, na Revista da Aboprev, já se falava dos cuidados odontológicos e educação durante a gestação. Assim, podemos ter a certeza que esse é um trabalho de “formiguinhas”, educação e conscientização. Prevenir é tão mais fácil e gratificante, mas por que é tão difícil conscientizar a população?

Como foi dito pela Dra. Flávia é muito difícil os pais assistirem seus filhos recebendo tratamento odontológico, quando estes não estão condicionados, muitas vezes choram, se debatem querendo sair da cadeira. Por isso é necessário educar esses pais, para que não haja a necessidade de seus filhos passarem por tratamentos restauradores, apenas preventivos.

Educar prevenindo. Prevenir educando. Essa é a melhor solução.

Acredito que ainda há necessidade de mais divulgação nos meios de comunicação e em escolas, para que, cada vez mais, cheguem a nosso consultório apenas crianças para realizar a prevenção.

A Profa Dra. Leda Mugayar, nos falou sobre o Pré-Natal Odontológico e relatou que estamos mais avançados neste atendimento do que os Estados Unidos, país em que ela vive e é professora na Universidade da Flórida. Ela ressaltou que o período pré- natal é uma oportunidade ímpar para prevenção primária.

De acordo com a Dra. Leila, muito do desenvolvimento futuro da criança pode ser determinado na vida intrauterina.

Frequentemente, alterações relacionadas à saúde bucal tiveram início na gestação.

O Prof Dr. Paulo Rédua falou sobre “Considerações Sobre o Uso de Fluoretos na Gestação e no Atendimento ao Bebê”, e começou nos fazendo a seguinte pergunta: Quem precisa de flúor? E a resposta: quem tem dentes e açúcar (sacarose) na dieta. A cárie é uma doença multifatorial causada pelo acúmulo de placa, presença de bactéria e de sacarose e que depende de vários fatores:
* Tempo que o biofilme está presente;
* Ausência de limpeza satisfatória; e
* Frequência alimentar (açúcar).
Ela pode ser controlada pela:
- Desorganização periódica do biofilme dental (necessária);
- Restrição da ingestão do açúcar (desejável); e
- Utilização racional de fluoretos (indispensável).

Segundo o Dr. Paulo o flúor é o único agente que reduz a cárie. É necessário prevenir agora para um futuro livre de cáries.
Eu não me canso de falar como a prevenção é simples, sem complicações, desde que os pais adotem essa ideia. Eles precisam ser nossos parceiros, para que juntos consigamos fazer com que seus filhos cresçam sem cáries.

O Prof. Dr. Gabriel Tilli Politano, nos trouxe inúmeros casos clínicos de remoção cirúrgica de freio labial superior e freio lingual em bebês. Abordou também o atraso da irrupção em bebês e dos dentes natais e neonatais. Mesmo com poucos dias de vida, muitas vezes é necessário fazer a remoção cirúrgica de freios que possam estar atrapalhando o bebê a mamar. Foi um grande aprendizado assistir todos os casos clínicos relatados.

O Prof. Dr. Marcelo Bönecker falou sobre “Tratamento Clínico de Cárie, de Trauma e Erosão em Bebês”. O que mais me chamou a atenção foi o número de crianças entre 03 a 04 anos que já tem erosão - 50%. É um grande número e isto mostra que além da doença cárie, há necessidade também de orientar os pais dos cuidados para evitar a erosão dentária. A erosão pode acometer tanto os dentes de leite, como os permanentes, que sofrem perda progressiva da estrutura dentária, em decorrência a exposição crônica a ácidos de origem não bacteriana. Os ácidos podem ser de alimentos, bebidas, medicamentos e também oriundos de refluxo gastroesofásico e bulimia.

A realização de um diagnóstico preciso é fundamental para a implementação de medidas preventivas e de controle da erosão. Se não tratarmos, a erosão pode ocasionar perdas extensas de estrutura dental, podendo a criança sentir dor, ter comprometimento estético e de dimensão vertical, ter envolvimento pulpar (canal) podendo afetar a qualidade de vida da criança, ou até mesmo o adulto com erosão.

Para prevenir a erosão deve haver uma mudança de hábitos alimentares, como por exemplo, diminuir alimentos e bebidas ácidas nos intervalos entre as refeições. Após ingerir alimentos ácidos fazer um bochecho com água e aguardar até 1 hora para realizar a escovação. Podemos também fazer o uso de canudo na região posterior da boca para bebermos sucos ou refrigerantes, evitando assim o contato direto do líquido com os dentes. Com relação à bulimia e refluxo gastroesofásico, há necessidade de acompanhamento médico. Esse tema merece um novo post.

Para finalizar a Profa Dra. Flavia Konishi nos mostrou os resultados das últimas pesquisas em relação à Odontologia Intrauterina. Fiquei muito feliz quando vi o resultado da minha pesquisa com as gestantes, realizada em 2009, a qual a Dra. Flavia foi minha orientadora. O resultado esta em post anteriores nesse blog.

Espero poder encontrar novamente o “Quinteto Fantástico” no CIOSP 2015.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Como se formam e o tratamento para as manchas de esmalte


No segundo dia do CIOP 2014 tive a oportunidade de ouvir a Profa Dra Flavia Konishi e a Profa Dra Sandra Kalil Bussadori (foto). As duas relataram que estamos conseguindo diminuir as crianças com cáries, mas no momento temos um aumento de crianças que possuem dentes nascendo com manchas.

Mesmo as crianças que nunca tiveram cáries nos dentes de leite, podem ter dentes com má formação.

De acordo com a Dra Flávia, a formação dos dentes decíduos (dentes de leite) se inicia na sexta semana de vida intrauterina, e os dentes permanentes durante o quarto mês de vida intrauterina. Desta maneira, qualquer alteração que interfira no desenvolvimento do feto pode afetar a dentição em formação. Condições desfavoráveis durante a gestação podem trazer alterações nos dentes em fase de formação e mineralização. (alguns exemplos são: uso de medicamentos, infecções, carências nutricionais, tabagismo e álcool e a exposição a poluentes).

Temos alterações da forma, estrutura ou cor do dente, que podem comprometer a estética do dente. É preciso conhecer cada uma delas para determinar o melhor tratamento.

Segundo a Dra Sandra, de acordo com a fase de formação do dente na qual ocorrem as interferências, os defeitos podem se apresentar das mais variadas formas como manchas, sulcos, depressões e ausência de esmalte. Essas características dependem, também, da intensidade e duração do fator causador. A etiologia de alteração pode ser exógena e endógena.

Um dos maiores desafios atuais dos pesquisadores brasileiros é a de descobrir a causa e o tratamento da MIH (hipomineralização de molares e incisivos). Há dificuldade em determinar o momento que ocorre e as causas dessa má formação.

Algumas crianças que tem o problema se queixam de sentirem dor ao comer ou ingerir alimentos e ao escovarem o dente em questão. Alguns dentes erupcionam apenas com a mancha amarelada, outros apresentam porosidade.

Com relação a MIH, alguns pesquisadores relatam que ela pode ser ocasionada devido a alguma infecção que a criança possa ter tido na época de formação dos dentes em questão. Também já foi associada ao Bisfenol A, componente do plástico de mamadeira e chupetas que, quando aquecidos ou congelados, acelera o desprendimento de moléculas de BPA. A decisão é baseada em estudos recentes que apontam riscos à saúde decorrentes da exposição à substância. Ela está presente no policarbonato, usado na fabricação de produtos plásticos como mamadeiras, chupetas, potes, escovas de dente, copos, cadeiras e no revestimento interno de latas de bebidas e alimentos.

Segundo a Vigilância Sanitária, apesar de não haver resultados conclusivos sobre o risco da substância, a proibição visa proteger crianças com até 12 meses de idade. Desde 2011 a Anvisa proibiu uso do Bisfenol A.

Tivemos a oportunidade de assistir diversos tipos de má formação e seus tratamentos que merecem um post especial.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Simpósio da Colgate - Aliança Para Um Futuro Livre De Carie


A Colgate nos proporcionou uma palestra sobre a ACFF (Aliança Para Um Futuro Livre De Carie), com Jaime Cury, Lívia Maria Andaló Tenuta e Marcelo Bönecker, que é o presidente da Aliança no Brasil. A atividade acontece durante o 32º Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo.

O Prof Dr Jaime Cury iniciou sua explanação falando da cárie. Segundo ele, desde a década de 80 e 90 foram mudando o conceito de cárie. Hoje sabemos que ela é uma doença multifatorial, que depende do açúcar ingerido e não somente da bactéria. O fato é que a cariogenicidade da dieta é determinante para o desenvolvimento da cárie. Ela não é resultado da deficiência de fluoretos, porém o fluoreto é o único agente que reduz a velocidade de progressão das lesões, de forma significativa.

Para o controle da cárie, além do flúor, há necessidade de uma boa higiene bucal e dieta controlada de produtos açucarados. O Brasil foi campeão mundial de cárie. Hoje, com a prevenção e orientação, conseguimos a redução. As lesões de carie só aparecem em superfície onde se formam biolfilme (placa bacteriana) e estes ficam lá por muito tempo. A bactéria causadora da cárie, sozinha, não desenvolve a doença.

De acordo com a Dra. Lívia Tenuta precisamos de estratégias individuais e coletivas para o controle da cárie. Devemos associar fluoreto (de acordo com a necessidade de cada indivíduo), dieta e higiene bucal.

O Dr. Marcelo explicou o que é a AFCC. “A Aliança para um Futuro Livre de Cárie é a união de um grupo mundial de experts, para promover ações clínicas e de saúde pública integradas, a fim de impedir a instalação e progressão da cárie, com o intuito de avançar para um Futuro Livre de Cárie em todas as faixas etárias da população. Acima de tudo, o grupo acredita que a ação global colaborativa é necessária para desafiar os líderes globais e outros interessados a aprender a importância da cárie como uma doença evolutiva, e a participar de ações que forneçam abrangente prevenção e manejo da cárie, que possa influenciar positivamente no problema. Ao trabalhar em uma escala global, regional e local, a Aliança desafia essas partes interessadas a impedir a cárie agora, e obter um Futuro Livre de Cárie.”

Essa ação deve:
- garantir que a prevenção com estratégias de fluoreto apropriadas esteja em vigor; e
- promover o controle preventivo das lesões iniciais da cárie através da educação, para mudar o comportamento humano e o uso das tecnologias apropriadas, com base em evidências.

Objetivos
* Em 2015, 90% das faculdades de odontologia e associações odontológicas terão adotado e promovido a “nova” abordagem de “cárie como continuum” para melhorar a prevenção e gestão da cárie dentária.
* Em 2020, os membros regionais da Aliança para um Futuro Livre de Cárie deverão estar integrados.

De acordo com dados do Ministério da Saúde , de 2010:
53,4 % de crianças de até 05 anos têm cárie
56,5% de crianças até 12 anos têm cárie
76,1 % de jovens entre 12 a15 anos têm cárie
99,1% de adultos entre 35 a 40 anos têm cárie
99,8 % de adultos 65 a 74 anos têm cárie

O prof Marcelo terminou sua explanação convidando a todos os participantes a se unirem a Aliança, para que juntos consigamos um Futuro Livre Cárie.