sexta-feira, 17 de abril de 2015

Aumento do MIH em criança preocupa pesquisadores alemães


O Prof. Dr. Nobert Kramer, da Alemanha, esteve no IAPD Meeting Brazil e relatou que, de uma maneira global, há um declínio no número de crianças com cárie, mas ainda existe uma necessidade de melhora muito grande. Dr. Kramer disse que uma preocupação dos pesquisadores é o aumento de crianças com MIH (hipomineralização de molares-incisivos).

De acordo com o professor, na Bavária, 40% das crianças entre 06 e 07 anos têm lesões de cárie. Infelizmente, muitas delas conhecem o açúcar logo cedo, nas mamadeiras, sendo muito difícil mudar hábitos.

Por lá também realizam a odontologia minimamente invasiva e as evidências científicas comprovam a eficácia do tratamento. Ele relembra que o biofilme (placa) é um dos grandes responsáveis para iniciação, progressão da cárie e com consequências na atividade de cárie. Com essa odontologia, temos o objetivo de um desgaste menor nos dentes, diminuímos a necessidade de realizar tratamento de canal com os preparos mais conservadores. E com o selamento da dentina, contemos a progressão da lesão.

Durante a sua aula ele mostrou as indicações de restaurações realizadas com ionômero de vidro, resinas compostas e coroas de aço.

Na Alemanha, assim como no mundo, está aumentado o número de dentes afetados com a MIH (hipomineralização de molares-incisivos). Hoje, o odontopediatra precisa saber a diferença entre uma lesão de cárie e um dente afetado pela MIH.

Geralmente, os dentes com MIH possuem uma grande sensibilidade e, muitas vezes, até mesmo com a anestesia, essa sensibilidade não regride. O tratamento, de acordo com o Dr. Kramer, dependerá da extensão da lesão e do momento em que essa criança irá ao consultório para o tratamento. O esmalte de um dente afetado pela MIH é dez vezes menos resistente que o de um dente sadio. A extensão do dente afetado pode variar, no mesmo paciente, de um dente para o outro.

A MIH não está relacionada à genética e, segundo Dr. Kramer e alguns pesquisadores, ela está relacionada ao Bisfenol A (BPA) - composto químico encontrado na composição de plásticos e resinas, utilizados na fabricação de recipientes para alimentos, como garrafas e mamadeiras. Também está presente em películas de proteção no interior de garrafas e em latas de conservas.

Há muito a estudar e pesquisadores do mundo inteiro procuram, a cada dia, melhores tratamentos para os dentes com MIH.

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Abordagem contemporânea da cárie na clínica infanto-juvenil



Durante o IAPD Brazil tive, mais uma vez, o prazer em ouvir o Prof. Dr. Fernando Borba de Araujo e, como sempre, ele foi excelente em suas explanações. Ressaltou a importância da odontopediatria, já que de acordo com as últimas pesquisas, aos 05 anos, 53,4% das crianças brasileiras tem pelo menos uma lesão de cárie.
A odontopediatria está totalmente ligada a cariologia e, unidas a dentística, procuram o melhor para manter a saúde bucal das nossas crianças.
A cada palestra que participo sobre o tema, fica bem evidente que a odontopediatria é, hoje, de mínima intervenção. Os profissionais da área necessitam de atualização para que realizem a odontopediatria inovadora, em seus pequenos pacientes, evitando procedimentos extensos, traumáticos e não necessários na odontopediatria atual. É preciso estar atualizado para realizar um diagnóstico preciso e determinar o tratamento adequado.
Sempre falo que nada melhor do que uma boquinha saudável, e que a prevenção é a atitude inteligente para que possamos prevenir a doença cárie ou diagnosticá-la precocemente.

Durante a palestra o Prof. Fernando nos mostrou o que já dizia Ericson em 2007: “o conceito da mínima intervenção envolve desde um correto diagnóstico de risco e abordagem da lesão cariosa, passando pela instituição de um TRATAMENTO NÃO INVASIVO para a paralisação da progressão doença, e por uma abordagem restauradora, removendo o MÍNIMO DE TECIDO SAUDÁVEL e utilizando materiais permanentes, até a PREVENÇÃO da recorrência da doença.”

Por que intervir minimamente?
- Para retardar a intervenção restauradora.
- Porque preparos cavitários resultam, muitas vezes, em maior desgaste de estrutura dentária sadia do que de tecido cariado.
- Pois, quanto menor a restauração, maior sua durabilidade.

Segundo o professor, os mecanismo não invasivos de controle da instalação da doença cárie seriam:
- uso regular de dentifrícios fluoretados, conforme indicação do profissional de sua confiança;
- controle de dieta;
- manutenção periódica profissional programada (Prevenção Odontológica);
- selantes preventivos e aplicação tópica de flúor pelo profissional, conforme indicação e a necessidade do paciente.

De acordo com algumas pesquisas:
- o gel fluoretado aplicado a cada seis meses reduz em 21% o incremento de cárie;
- o uso de verniz fluoretado em dentes decíduos e permanentes tem efeito substancial na inibição da lesão de cárie;
- o selamento da superfície oclusal tem efeito preventivo de cárie ao longo de 15-20 anos;
- o selamento da superfície oclusal em dentes permanentes reduz o incremento de cáries após 48 meses.

O selante tem finalidade preventiva e terapêutica. Com a atividade preventiva, ele realiza o bloqueio mecânico das fóssulas e fissuras e influência na iniciação da lesão de cárie. Já com a atividade terapêutica, ele realiza o bloqueio mecânico da lesão cariosa e isolamento do biofilme, influenciando na progressão da lesão.
Durante a palestra Dr. Fernando nos passou o diagnóstico e plano de tratamento para as lesões de cárie, com a odontologia minimamente invasiva.
O professor relatou que a presença constante de flúor no meio ambiente bucal previne o desenvolvimento, e reduz a progressão, das lesões cariosas, principalmente no esmalte, mas também na dentina, desde que haja acesso ao controle de biofilme da lesão.
Dr. Fernando finalizou, ressaltando que podemos interromper o curso das lesões cariosas ativas em esmalte e dentina superficial, principalmente se forem lesões não cavitadas. Nas lesões cavitadas em dentina, é necessário o acesso ao biofilme na tentativa de paralisar a evolução da lesão, ou ainda interferir na sua velocidade de progressão. Em ambos os casos o flúor é fundamental na tentativa de alcançarmos resultado positivo. Quando for necessária uma técnica restauradora, deve-se preservar o máximo da estrutura dental sadia, com preparos minimamente invasivos.