segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Prevenção de cárie em odontopediatria



Com um sotaque nordestino que nos encanta, e todo seu conhecimento, o Dr. Fábio Correa Sampaio nos presenteou, durante o Ciosp 2015, com o tema “Prevenção de Cárie em Odontopediatria.”
De acordo com o professor, hoje nós temos todos os recursos para controle da cárie e é um absurdo ainda termos crianças chegando aos nossos consultórios com cárie.
Segundo pesquisas, 90% da população mundial já vivenciou algum problema odontológico (dor de dente) relacionado à cárie ou a doença periodontal. Nas Filipinas, 97% das crianças tem cárie.
No Brasil temos 44% de crianças livre de cáries, mas em nosso país há alguns locais que necessitam de muito trabalho, como por exemplo, o Nordeste.
Durante muito tempo achava-se que o mecanismo de atuação do flúor era sistêmico, hoje sabe-se que ele é exclusivamente tópico e, para ter o efeito remineralizante, deve-se ter níveis mínimos de flúor na cavidade bucal constantemente.
Um fator importante relatado pelo professor Fábio é que, atualmente, devido aos meios preventivos, temos que estar atentos para a cárie oculta. Nos últimos anos podemos observar um aumento e precisamos do exame radiográfico para constatá-la.
Referente a dieta foi relatado que, o consumo de sacarose aumenta a incidência de cárie. A frequência da ingestão é mais importante que a quantidade e a forma física do alimento é relevante. Portanto, uma medida preventiva fundamental se faz com: redução do consumo de açúcar; não consumir alimentos açucarados entre as refeições; redução na frequência de consumo de alimentos açucarados; observar medicamentos a base de xaropes açucarados; as crianças maiores devem ser conscientizadas sobre a importância da dieta e da nutrição em relação a saúde bucal; e as escolas deveriam promover padrões saudáveis de alimentação.
Na Suécia, por exemplo, existe o dia do doce e, somente neste dia, é vendido refrigerante.
Visando o controle de consumo de açúcar na Paraíba o Prof. Fábio nos disse que agora é lei: foi proibida a venda de refrigerante nas escolas. A lei foi aprovada no dia 21 de janeiro de 2015 e tem até 120 das para entrar em vigor.
Ele ressaltou que os pais devem ficar atentos à sacarose que existe nos medicamentos infantis e não descuidarem da higiene bucal de seus filhos.
Para a promoção da saúde bucal na infância, segundo o professor Fábio Sampaio, devemos estar atentos:
- cárie de estabelecimento precoce é a condição mais frequentemente encontrada por odontopediatras. Seu diagnóstico precoce é muito importante. Quando a criança tem muita cárie na dentição decídua (de leite) temos que paralisá-la antes da erupção dos dentes permanentes;
- a higienização noturna após a última mamadeira/refeição. Uma das maiores armas contra a cárie é a higiene bucal. Por isso a importância de realizar a escovação e usar o fio dental diariamente;
- a hábitos de sucção não nutritivos (chupetas, dedos e outros objetos);
- as crianças devem estar expostas a concentrações ideais de flúor;
- limitar lanches antes das refeições e usar pouco açúcar;
- controlar a ingestão de alimentos ácidos. Se for ingerir líquidos, como sucos e refrigerantes, é aconselhável o uso de canudo, pois assim evita-se o contato direto com o dente, o que pode causar erosão dentária.
O risco a cárie é individual e o profissional irá avaliar cada paciente para indicar o melhor tratamento preventivo.
 Sabemos que hoje é possível crescer sem cáries, o que falta é a conscientização dos responsáveis. Precisamos conscientizar os pais da importância da prevenção e que eles são peça-chave para o sucesso.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Células-tronco em odontologia



Já há alguns anos tenho interesse pelo uso das células-tronco em odontologia, e sempre procuro ler e ouvir sobre o tema. No Ciosp 2015 tive a oportunidade em ouvir o Dr. Luciano Casagrande.  Até então, eu o conhecia apenas através de seus trabalhos, que costumo ler, e pelo site Associação Brasileira de Odontopediatria.

Ele já foi contemplando com o prêmio William J. Gies pelo melhor trabalho publicado na área de Pesquisa Biológica em 2010 no Journal of Dental Research, um dos periódicos mais importantes e de maior impacto na odontologia internacional. O trabalho intitulado “Dentin-derived BMP-2 and Odontoblastic Differentiation of SHED” utilizou células-tronco da polpa de dentes decíduos semeadas em scaffolds (matrizes poliméricas) criadas no interior da câmara pulpar de secções transversais de terceiros molares extraídos. As amostras foram cultivadas in vitro e transplantadas para o dorso de camundongos imunodeprimidos. O estudo demonstrou que fatores de crescimento presentes na dentina, especialmente a BMP-2, podem direcionar a transformação de células-tronco em odontoblastos, tendo um impacto importante em termos de possibilidades de terapias regenerativas da polpa dental por engenharia tecidual.

De acordo com o Dr. Luciano as células-tronco pulpares têm uma capacidade de diferenciação, autorrenovação e proliferação. Com todas as pesquisas em andamento pode-se esperar que no futuro possamos usá-las em diversos procedimentos voltados para odontologia e medicina.

É possível obter as células-tronco a partir: da polpa dentária, dos dentes de leite esfoliados, do ligamento periodontal (que liga o dente ao osso); das células progenitoras do folículo dentário; e da papila apical (tecido que fica embaixo da raiz, quando o dente está se formando). Já as células do dente de leite são as que apresentam maior potencial de diferenciação osteogênica. Além de terem a maior capacidade de proliferação, a célula-tronco da polpa do dentinho de leite pode ser retirada na época de sua esfoliação, considerado um procedimento simples.

De acordo com o Dr. Marcelo Bönecker professor de Odontopediatria da USP, em entrevista para a Revista Crescer, “as pesquisas com célula-tronco estão cada vez mais avançadas. Aquelas encontradas na polpa dos dentes contam com a facilidade de acesso, já que o dente cai naturalmente.”

A instituição é uma das primeiras a criar um banco de dentes para receber as doações. É de lá o projeto Fada do Dente, focado em pesquisas sobre o autismo infantil. Vale lembrar que, se a criança precisar extrair um dente permanente por algum outro motivo, ele também pode ser doado, já que sua polpa contém células-tronco do mesmo jeito. Também recebem doações de dentes: Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal de Minas Gerais e a Universidade de Ribeirão Preto.

“Trabalhos recentes mostram que essas células oferecem grandes possibilidades de sucesso em tratamentos de doenças como lúpus e diabetes”, aponta o professor.

Outra possibilidade é os pais contratarem um laboratório para armazenar os dentes de leite do filho (decisão que tomei com relação ao meu filho), assim como se faz com o cordão umbilical. O material será congelado e ficará à disposição da criança, caso ela precise de um tratamento no futuro.

De acordo com Luciano ainda há um longo caminho a ser trilhado, tanto nas pesquisas e estudos clínico, como nas questões relacionadas à legislação que regulamenta o uso de células-tronco na odontologia.

Continuarei acompanhado e torcendo por nossos pesquisadores, pois acredito muito no potencial dessas células e nas benfeitorias que poderão nos proporcionar. Acredito e confio, tanto que já guardei as células-tronco do dentinho do meu filho.