quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
Odontologia Intrauterina e do Bebê: um novo olhar da odontopediatria
Eu os chamei de “Quinteto Fantástico”, pois são cinco grandes profissionais da odontopediatria. O ano passado, no CIOSP, eles também estiveram presentes e, como sempre, foi muito bom ouvi-los... sempre com a sala lotada, as vagas esgotadas.
A Profa Dra. Flávia Konishi iniciou falando que vemos tantos avanços na odontologia com relação a técnicas e materiais, mas ainda recebemos crianças com cárie. Isso nos leva a crer que falta educação dos pais.
Em 1990, na Revista da Aboprev, já se falava dos cuidados odontológicos e educação durante a gestação. Assim, podemos ter a certeza que esse é um trabalho de “formiguinhas”, educação e conscientização. Prevenir é tão mais fácil e gratificante, mas por que é tão difícil conscientizar a população?
Como foi dito pela Dra. Flávia é muito difícil os pais assistirem seus filhos recebendo tratamento odontológico, quando estes não estão condicionados, muitas vezes choram, se debatem querendo sair da cadeira. Por isso é necessário educar esses pais, para que não haja a necessidade de seus filhos passarem por tratamentos restauradores, apenas preventivos.
Educar prevenindo. Prevenir educando. Essa é a melhor solução.
Acredito que ainda há necessidade de mais divulgação nos meios de comunicação e em escolas, para que, cada vez mais, cheguem a nosso consultório apenas crianças para realizar a prevenção.
A Profa Dra. Leda Mugayar, nos falou sobre o Pré-Natal Odontológico e relatou que estamos mais avançados neste atendimento do que os Estados Unidos, país em que ela vive e é professora na Universidade da Flórida. Ela ressaltou que o período pré- natal é uma oportunidade ímpar para prevenção primária.
De acordo com a Dra. Leila, muito do desenvolvimento futuro da criança pode ser determinado na vida intrauterina.
Frequentemente, alterações relacionadas à saúde bucal tiveram início na gestação.
O Prof Dr. Paulo Rédua falou sobre “Considerações Sobre o Uso de Fluoretos na Gestação e no Atendimento ao Bebê”, e começou nos fazendo a seguinte pergunta: Quem precisa de flúor? E a resposta: quem tem dentes e açúcar (sacarose) na dieta. A cárie é uma doença multifatorial causada pelo acúmulo de placa, presença de bactéria e de sacarose e que depende de vários fatores:
* Tempo que o biofilme está presente;
* Ausência de limpeza satisfatória; e
* Frequência alimentar (açúcar).
Ela pode ser controlada pela:
- Desorganização periódica do biofilme dental (necessária);
- Restrição da ingestão do açúcar (desejável); e
- Utilização racional de fluoretos (indispensável).
Segundo o Dr. Paulo o flúor é o único agente que reduz a cárie. É necessário prevenir agora para um futuro livre de cáries.
Eu não me canso de falar como a prevenção é simples, sem complicações, desde que os pais adotem essa ideia. Eles precisam ser nossos parceiros, para que juntos consigamos fazer com que seus filhos cresçam sem cáries.
O Prof. Dr. Gabriel Tilli Politano, nos trouxe inúmeros casos clínicos de remoção cirúrgica de freio labial superior e freio lingual em bebês. Abordou também o atraso da irrupção em bebês e dos dentes natais e neonatais. Mesmo com poucos dias de vida, muitas vezes é necessário fazer a remoção cirúrgica de freios que possam estar atrapalhando o bebê a mamar. Foi um grande aprendizado assistir todos os casos clínicos relatados.
O Prof. Dr. Marcelo Bönecker falou sobre “Tratamento Clínico de Cárie, de Trauma e Erosão em Bebês”. O que mais me chamou a atenção foi o número de crianças entre 03 a 04 anos que já tem erosão - 50%. É um grande número e isto mostra que além da doença cárie, há necessidade também de orientar os pais dos cuidados para evitar a erosão dentária. A erosão pode acometer tanto os dentes de leite, como os permanentes, que sofrem perda progressiva da estrutura dentária, em decorrência a exposição crônica a ácidos de origem não bacteriana. Os ácidos podem ser de alimentos, bebidas, medicamentos e também oriundos de refluxo gastroesofásico e bulimia.
A realização de um diagnóstico preciso é fundamental para a implementação de medidas preventivas e de controle da erosão. Se não tratarmos, a erosão pode ocasionar perdas extensas de estrutura dental, podendo a criança sentir dor, ter comprometimento estético e de dimensão vertical, ter envolvimento pulpar (canal) podendo afetar a qualidade de vida da criança, ou até mesmo o adulto com erosão.
Para prevenir a erosão deve haver uma mudança de hábitos alimentares, como por exemplo, diminuir alimentos e bebidas ácidas nos intervalos entre as refeições. Após ingerir alimentos ácidos fazer um bochecho com água e aguardar até 1 hora para realizar a escovação. Podemos também fazer o uso de canudo na região posterior da boca para bebermos sucos ou refrigerantes, evitando assim o contato direto do líquido com os dentes. Com relação à bulimia e refluxo gastroesofásico, há necessidade de acompanhamento médico. Esse tema merece um novo post.
Para finalizar a Profa Dra. Flavia Konishi nos mostrou os resultados das últimas pesquisas em relação à Odontologia Intrauterina. Fiquei muito feliz quando vi o resultado da minha pesquisa com as gestantes, realizada em 2009, a qual a Dra. Flavia foi minha orientadora. O resultado esta em post anteriores nesse blog.
Espero poder encontrar novamente o “Quinteto Fantástico” no CIOSP 2015.
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