terça-feira, 9 de setembro de 2014

Saúde bucal das crianças no Brasil



Durante o ALOP 2014 tive a oportunidade em ouvir o Dr. Marco Antonio Manfredine. Ele nos trouxe os dados mais recentes da situação da saúde bucal no Brasil.
De acordo com o último levantamento, realizado em 2013, houve uma diminuição no número de crianças com cárie, em determinadas regiões do nosso país. Há uma desigualdade muito grande, crianças nascidas na região norte, tem quase o dobro de chance de ter cárie, do que crianças que nascem na região sudeste.
A pesquisa foi realizada em 177 municípios, 26 capitais, Distrito Federal e 30 municípios de cada região do país.
Foram entrevistados e realizados exames bucais em 38 mil habitantes, divididos por faixa etária:
- crianças aos cinco anos;
- crianças aos 12 anos;
- adolescentes de 15 a19 anos;
- adultos de 35 a 44 anos; e
- idosos de 64 a 74 anos.
 O resultado demonstrou que houve um aumento no número de crianças de 12 anos, livres de cáries, passando de 31% para 44%. De acordo com o Dr. Marco, isso significa que 1,6 milhões de dentes deixaram de ser afetados pela cárie, levando em consideração crianças dessa faixa etária, entre os anos 2003 e 2010.
O Dr Marco relata que todas as regiões melhoram seu índice, dentro desse período, exceto a região norte, que teve um ligeiro aumento. Os valores extremos (norte e sudeste) mostram uma diferença de quase 90%.
Uma atenção especial deve ser dada a dentição de leite, pois durante a realização do exame clínico em crianças de cinco anos, a média foi 2,3 dentes cariados, sendo que desses apenas 20% estavam tratados no momento do exame. Há uma necessidade de melhorar o acesso dessas crianças ao serviço odontológico, pois a quantidade de dentes tratados é muito insatisfatória.
Foi constatado que a presença de cálculo e sangramento gengival é mais comum entre os que têm 12 anos, e os adolescentes. As formas mais graves da doença periodontal aparecem de modo mais significativo nos adultos (35 a 44 anos), em que se observa uma prevalência de 19%.
Problemas de oclusão foram avaliados em crianças de 12 anos e adolescentes entre 15 a 19 anos. O resultado apontou que aos 12 anos, 38% apresentam problema de oclusão. Em 20% dessas crianças, os problemas se expressam da forma mais branda. Outros 11% tem oclusopatia severa e 7% muito severa, sendo que essa precisa de medidas urgentes para realização do tratamento, sendo uma prioridade em termos de saúde pública.
Com relação a fluorose no Brasil, 16,7% apresentaram o problema, sendo que 15,1%  são de nível muito leve (10,8%) e de nível leve (4,3%); e 1,5% moderada. O percentual de examinados com  fluorose grave pode ser considerado nulo. A região com maior índice é o Sudeste (19,1%), e a com menor é o Norte (10,4%).
De acordo com a pesquisa em relação a dor de dente, 23% referiram ter sofrido dor nos seis meses anteriores a pesquisa. Estes percentuais variam pouco entre os cinco e 44 anos (21% aos cinco anos; e 27% entre 35 e 44 anos). O percentual diminui para 10% nos idosos entre 65 a 74 anos, provavelmente decorrente da perda de dentes.
A política nacional de saúde bucal consiste em promoção, prevenção, recuperação e manutenção da saúde bucal dos brasileiros.
Concluindo a pesquisa, a saúde bucal no Brasil melhorou nos 20 anos de SUS. Isto se constata na redução de cárie entre crianças e adolescentes; ampliação do acesso da população a fluoretação da água e consumo de produtos de higiene bucal; e expansão dos serviços públicos odontológicos e implantação de um dinâmico complexo médico-industrial na área odontológica.

Ainda de acordo com o Dr. Marco, persistem graves problemas como a presença de elevados índices de doenças bucais em determinados grupos populacionais, como adultos e idosos; a distribuição desigual das doenças bucais, de acordo com os determinantes sociais e as disparidades regionais; a dificuldade no acesso à assistência odontológica; e o aumento no número de casos e óbitos por câncer bucal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário