Durante o ALOP
2014 tive a oportunidade em ouvir o Dr. Marco Antonio Manfredine. Ele nos
trouxe os dados mais recentes da situação da saúde bucal no Brasil.
De acordo com o último
levantamento, realizado em 2013, houve uma diminuição no número de crianças com
cárie, em determinadas regiões do nosso país. Há uma desigualdade muito grande,
crianças nascidas na região norte, tem quase o dobro de chance de ter cárie, do
que crianças que nascem na região sudeste.
A pesquisa foi
realizada em 177 municípios, 26 capitais, Distrito Federal e 30 municípios de
cada região do país.
Foram
entrevistados e realizados exames bucais em 38 mil habitantes, divididos por
faixa etária:
- crianças aos cinco anos;
- crianças aos 12 anos;
- adolescentes de 15 a19 anos;
- adultos de 35 a 44 anos; e
- idosos de 64 a 74 anos.
O resultado
demonstrou que houve um aumento no número de crianças de 12 anos, livres de
cáries, passando de 31% para 44%. De acordo com o Dr. Marco, isso significa que
1,6 milhões de dentes deixaram de ser afetados pela cárie, levando em
consideração crianças dessa faixa etária, entre os anos 2003 e 2010.
O Dr Marco
relata que todas as regiões melhoram seu índice, dentro desse período, exceto a
região norte, que teve um ligeiro aumento. Os valores extremos (norte e
sudeste) mostram uma diferença de quase 90%.
Uma atenção
especial deve ser dada a dentição de leite, pois durante a realização do exame
clínico em crianças de cinco anos, a média foi 2,3 dentes cariados, sendo que
desses apenas 20% estavam tratados no momento do exame. Há uma necessidade de
melhorar o acesso dessas crianças ao serviço odontológico, pois a quantidade de
dentes tratados é muito insatisfatória.
Foi constatado
que a presença de cálculo e sangramento gengival é mais comum entre os que têm 12
anos, e os adolescentes. As formas mais graves da doença periodontal aparecem
de modo mais significativo nos adultos (35 a 44 anos), em que se observa uma
prevalência de 19%.
Problemas de
oclusão foram avaliados em crianças de 12 anos e adolescentes entre 15 a 19
anos. O resultado apontou que aos 12 anos, 38% apresentam problema de oclusão. Em
20% dessas crianças, os problemas se expressam da forma mais branda. Outros 11%
tem oclusopatia severa e 7% muito severa, sendo que essa precisa de medidas
urgentes para realização do tratamento, sendo uma prioridade em termos de saúde
pública.
Com relação a
fluorose no Brasil, 16,7% apresentaram o problema, sendo que 15,1% são de nível muito leve (10,8%) e de nível
leve (4,3%); e 1,5% moderada. O percentual de examinados com fluorose grave pode ser considerado nulo. A
região com maior índice é o Sudeste (19,1%), e a com menor é o Norte (10,4%).
De acordo com a
pesquisa em relação a dor de dente, 23% referiram ter sofrido dor nos seis
meses anteriores a pesquisa. Estes percentuais variam pouco entre os cinco e 44
anos (21% aos cinco anos; e 27% entre 35 e 44 anos). O percentual diminui para
10% nos idosos entre 65 a 74 anos, provavelmente decorrente da perda de dentes.
A política
nacional de saúde bucal consiste em promoção, prevenção, recuperação e
manutenção da saúde bucal dos brasileiros.
Concluindo a
pesquisa, a saúde bucal no Brasil melhorou nos 20 anos de SUS. Isto se constata
na redução de cárie entre crianças e adolescentes; ampliação do acesso da
população a fluoretação da água e consumo de produtos de higiene bucal; e expansão
dos serviços públicos odontológicos e implantação de um dinâmico complexo
médico-industrial na área odontológica.
Ainda de acordo
com o Dr. Marco, persistem graves problemas como a presença de elevados índices
de doenças bucais em determinados grupos populacionais, como adultos e idosos;
a distribuição desigual das doenças bucais, de acordo com os determinantes
sociais e as disparidades regionais; a dificuldade no acesso à assistência
odontológica; e o aumento no número de casos e óbitos por câncer bucal.