segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Alimentação e sua relação com a saúde bucal das crianças

Promover práticas saudáveis de alimentação, devido à influência no desenvolvimento da cárie precoce e funções orais, deve fazer parte da conduta do odontopediatra. É fundamental que se conheça os hábitos alimentares de seu paciente para compreender sua atividade de cárie, determinar o plano de tratamento e as medidas preventivas a serem adotadas para a manutenção da saúde bucal.

Sabemos que a dieta e nutrição da família, associadas à higiene bucal correta, serão determinantes para a saúde dos dentes. Mudar a consciência dos pais em relação à saúde bucal, para que estejam motivados a adotar hábitos alimentares saudáveis para toda a família é imprescindível para uma geração sem cáries.

A alimentação equilibrada da mãe também vai assegurar o desenvolvimento saudável do bebê. Se existe deficiência na dieta materna, o feto pode não se desenvolver adequadamente. A alimentação equilibrada contém quantidade razoáveis de alimentos que incluem:

- construtores – são as proteínas ( leite e seus derivados, carne, ovos, aves, peixes, feijão e cereais integrais)

- reguladores – alimentos que contém vitaminas e sais minerais ( verduras, legumes e frutas)

-energéticos – alimentos lipídicos (gordura) e carboidratos (açúcares, massas e cereais ) que se transformam em glicose,

- vitaminas D ( sardinha , salmão, fígado, leite de vaca , gema e margarina),

- vitamina B6 ( arroz, milho, aveia, banana,frango , fígado, peixe, farelo e gérmen de trigo, leite e derivados,

- vitamina C ( laranja, banana, manga, morango, kiwi, rabanete, couve – manteiga, tomate e pimentão)

- vitamina A ( leite e derivados, gema de ovo, fígado , laranja, mamão, couve e vegetais amarelos

- cálcio ( leite, cereais integrais, tofu, queijos , coalhadas , iogurtes, manteiga, nozes, sardinha, mariscos,repolho fresco, folhas de nabo e mostarda

- fósforo ( ovos , carnes em geral, leite, iogurte, coalhada, queijos e manteiga)

- ácido fólico( brócolis, fígado , feijão branco , verduras escuras, espinafre, repolho e gérmen de trigo ) e

- ferro ( carne vermelha em geral, fígado e leguminosa)

A formação do paladar se inicia a partir da 14ª semana e, segundo pesquisas de Maire Claire Busnel, o cheiro e o sabor das substâncias ingeridas pela mãe também passam para o líquido amniótico, os fetos o reconhecem e os recém nascidos já nascem com essas preferências.

Se a grávida comer muito doce, o bebê poderá ter o paladar mais voltado para o açúcar. Portanto, se a gestante preferir o açúcar natural dos alimentos, ela estará suprindo as necessidades dela e do feto e assegurando o desenvolvimento integral do bebê.

O início do processo de formação e desenvolvimento da dentição decídua se dá por volta da 6 ª semana de gestação e os permanentes a partir do 5º mês de gestação. Uma deficiência de vitaminas, de cálcio e fosfato pode influenciar no processo de maturação, na morfologia, na composição, no tamanho dos dentes e no tempo de erupção.

O período gestacional é excelente para os pais receberem orientações sobre dieta e nutrição, criando um ambiente favorável para hábitos alimentares saudáveis. É essencial que o profissional ressalte a importância desses hábitos, para que os pais sejam agentes multiplicadores das informações recebidas, podendo cooperar e dividir a responsabilidade da saúde bucal da criança entre ele e a família.

DICAS DE HÁBITOS ALIMENTARES SAUDÁVEIS


-respeitar horários e intervalos das refeições
-ambiente agradável, sem ruídos, com boa iluminação e temperatura
-situação corporal e ritmo de administração adequados
-alimentos devem estar na temperatura adequada para ingestão
-introduzir o açúcar moderadamente
-não oferecer líquidos durante as refeições
-preferir frutas e doces caseiros como sobremesa
-milho cozido, soja , aveia, trigo, cereais, grãos, feijão, verduras, legumes, frutas compradas na época certa do ano e sucos extraídos dessas frutas são alimentos naturais e menos cariogênicos
-alimentos duros e fibrosos como coco da Bahia, legumes crus, pipoca salgada, nozes, amendoim , frutas duras como a goiaba e outros são considerados detergentes; além de serem nutritivos dificultam o processo carioso
-evitar a adição de açúcar em sucos e vitaminas de frutas, pois já existe o açúcar natural que é pouco cariogênico
-tornar a comida “divertida” usando formas de carinhas, estrelas, animais e outros
-lanches no meio da manhã e tarde devem ser leves, pobres em açúcar e não devem interferir nas refeições
-a hora da refeição não deve ser causa de agressão à criança se ela não gostar de determinado alimento. Se houver recusa na introdução, devemos tentar mais 3 ou 4 vezes em outros dias e caso persista, devemos respeitar a vontade da criança
-produtos açucarados não devem ser oferecidos à criança como demonstração de afeto. Estipular dias e horários para comer doces
-sempre introduzir um alimento de cada vez para o bebê, com intervalo de 2 a 3 dias, para detectarmos possíveis reações alérgicas ,
-deixar ao alcance das crianças apenas os alimentos indicados para ela comer.

Alguns alimentos e sua relação na dentição

Alimentos duros e fibrosos – estimulam a salivação, são ótimos para musculatura e articulações da face e importantes aliados na prevenção da cárie. Ajudam na conservação dos dentes, da gengiva além de serem digestivos.

Queijos – estimulam o fluxo salivar e segundo pesquisas podem até ajudar a reparar pequenas áreas iniciais de descalcificação.

Maçãs e peras – foram por muito tempo consideradas alimentos seguros e preventivos, mas na verdade podem causar cárie.

Açúcares - Sacarose – encontrada em bolos, biscoitos e refrigerantes é o mais consumido e mais cariogênico

Maltose e glicose – encontradas nos amidos cozidos como arroz , batatas, massas e pães. Quando acrescentamos açúcar (ex. geléias ) eles se tornam mais cariogênicos e ficam semelhantes à sacarose.

Adoçantes – sorbitol e o xilitol são mais utilizados na indústria de alimentos ( ex. chicletes diet ). São usados também na indústria de medicamentos e cremes dentais. Na Finlândia , tem sido testada a goma de mascar contendo xilitol como um importante procedimento na prevenção de cáries.

Lactose – a ação cariogênica está relacionada ao aumento da resposta acidogênica da placa após o frequente contato do leite com a superfície do dente. Isso explica a presença de cáries extensas associadas ao aleitamento materno prolongado, com livre demanda, principalmente durante a noite. O fato de a criança adormecer mamando é mais significativo que o conteúdo da mamadeira na determinação da atividade de cárie. A composição química do leite bovino e humano apresenta diferenças importantes, pois o leite humano possui uma maior concentração de lactose, com conteúdo mineral e protéico menor. Embora estas características sugiram uma maior cariogenicidade do leite materno quando comparado ao bovino, convém salientar que normalmente o leite bovino é fornecido à criança com adição de sacarose, o que o torna extremamente mais cariogênico.

Produtos ácidos – Refrigerantes, frutas cítricas, bebidas energéticas e sucos de frutas naturais e industrializados são produtos altamente ácidos e a causa mais frequente da erosão ácida. Para a erosão ocorrer, a frequencia de ingestão é mais importante do que a quantidade ingerida. Para evitar, podemos tomar as bebidas de canudinho, diminuir a frequencia de ingestão e associar a ingestão a produtos ricos em cálcio, como o queijo, para neutralizar a acidez.

Medicamentos – A utilização de medicamentos contendo açúcar tem sido associado à cárie rampante. Geralmente a criança necessita tomar o medicamento durante a noite quando o fluxo salivar é menor e não fará a higienização depois. O açúcar é adicionado ao medicamento para se tornar mais agradável para a criança.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Halitose infantil

A halitose é um sinal de que algo no organismo não vai bem e que existe um desequilíbrio que deve ser identificado e tratado. Pode ser decorrente de problemas dentários, sobretudo infecções da gengiva ou cáries extensas, má higiene bucal, problemas otorrinolaringológicos como amigdalite, sinusite, rinite e caseum nas amígdalas. Alguns hábitos alimentares, como ingestão de alho e cebola (contém substâncias que são eliminadas pela respiração) e também podem estar associados a doenças que são menos frequentes: doença hepática crônica, diabetes, doenças do trato respiratório e digestivo, abscessos pulmonares, além de dietas inadequadas.

O estresse, a alimentação inadequada, a higiene deficiente (principalmente a falta de escovação da língua), normalmente ligada ao descuido dos pais ou responsáveis, são as maiores causas do mau hálito infantil junto com problemas das vias respiratórias. Outro fator que tenho visto muito na clínica infantil é o caseum nas amigdalas. O Caseum (material caseoso) nas amígdalas é comum e muitos pais o confundem com placa de pus.

A AMÍGDALA é irregular e contém pequenos espaços, que são chamados de CRIPTAS. Esses espaços podem ser preenchidos com uma massinha branca (caseum, que significa "queijo") que forma bolinhas com odor muito fétido. Esse caseum é resultado de acúmulo de células mortas e outros componentes sequestrados da alimentação. Alem do mau hálito, o caseum produz uma irritação na amígdala e pode facilitar uma infecção.

Muitos acreditam que o mau hálito tem origem em problemas estomacais, mas 90% dos casos têm origem na boca. Na odontopediatra, removidas as causa odontológicas, as causas mais comuns estão associadas a doenças recentes, como sinusite, infecção de garganta com febre e placas de pus. Com a melhora da doença se percebe a melhora no hálito.

Algumas crianças tem mau hálito de longa duração que podem estar associados a sinusite crônica, rinite perene e o acúmulo de Caseum na amígdalas. As crianças com dificuldade de respirar pelo nariz dormem de boca aberta. Assim ocorrerá o ressecamento da boca por maior evaporação e menor retenção de saliva, aumentando o poder de fermentação das bactérias da flora normal e ainda o ar, que deveria passar pelo filtro do nariz, passa pela boca trazendo mais bactérias. As próprias secreções dos seios da face e das fossas nasais já são uma causa de mau hálito.

As crianças que usam aparelho ortodôntico devem fazer higiene diária deste aparelho para evitar que o aparelho cause mau hálito. Não podemos deixar de mencionar que algumas pessoas acreditam que usar enxaguatórios bucais resolvem o problema. O que muitos não sabem é que os enxaguatórios bucais que contem álcool aumentam o mau hálito. O que ocorre é que o álcool contido nestes produtos, provocam a halitose, por promover um ressecamento na mucosa bucal (lábios e bochechas), que irá descamar devido a este ressecamento, soltando minúsculos pedacinhos de pele, que serão degradados pelas bactérias proteolíticas. Neste processo de decomposição irão ser liberados gases derivados do enxofre, que são os gases que causam o odor desagradável.

O mau hálito também pode ser de origem emocional, desencadeado pelo estresse. As alterações mais observadas nas pessoas possuidoras de mau hálito por estresse é a diminuição do fluxo salivar (xerostomia), a hipoglicemia e a higiene bucal ineficiente.