sexta-feira, 28 de outubro de 2016

I Congresso Internacional da CarioBra



O “I Congresso Internacional da CarioBra” aconteceu entre os dias 29 de setembro e 01 de outubro, no hotel Sheraton, em Porto Alegre. Com a Profa. Dra. Marisa Maltz como presidente, o evento foi um sucesso, com sala lotada e cursos excelentes.

Além de proporcionar novos conhecimentos, o evento serviu para oficializar a transição da Aboprev (Associação Brasileira de Odontologia de Promoção de Saúde) para CarioBra (Sociedade Brasileira de Cariologia). A finalidade é englobar todas as especialidades relacionadas à cariologia para trabalharem em conjunto.

Pudemos assistir o Prof. Dr. Lars Bjorndal (Faculdade de Odontologia de Copenhagen, Dinamarca) desenvolveu os temas: O entendimento do processo de cárie para alcançar a melhor decisão de tratamento; e Proteção pulpar e potencial regenerativo da polpa após intervenção. O Prof. Dr. Niek Opdam (Radboud University Nijmegen, Holanda) falou sobre: Longevidade de restaurações e limitações das restaurações diretas; e Desgaste dentário: restaurar ou não restaurar? Pude ouvi-los e saber o que esta acontecendo com a odontologia em outros países, pois demonstraram técnicas e materiais que estão utilizando.

Representando o Brasil, tivemos o Prof. Dr. Fausto Mendes (USP), que abordou: Atualidades no diagnóstico de cárie; o Prof. Dr. Jaime Cury (Unicamp), falando sobre: Vantagens e limitações do flúor no controle da cárie dentária; o Prof. Dr. Edson Araujo (UFSC), que tratou sobre: Odontologia estética minimamente invasiva; e a Profa. Dra. Marisa Maltz (UFRGS), dissertando sobre: Lesões profundas de cárie - tratamento restaurador minimamente invasivo.

O Prof. Dr. Fausto, nos falou sobre a Cariologia do Século XXI que, segundo ele, deveria ser mais centrada no bem-estar e opinião dos pacientes.

O Prof. Dr. Jaime Cury relatou a importância do flúor na prevenção da cárie dental. De acordo com ele, o flúor é um tratamento não invasivo da cárie. Ele mais uma vez afirma que a cárie é açúcar dependente. No século XX a definição era que á cárie é uma doença bacteriana infecciosa e transmissível. No século XXI sabemos que ela é provocada por bactérias naturais da boca de todos quando da exposição a açucares da dieta. O Prof. Jaime relatou que a cárie não é resultado da deficiência do uso de fluoretos, porém o fluoreto é o único agente que significativamente reduz a velocidade de progressão de lesões de cárie. Ele ressalta que para um efeito máximo do controle da cárie é imprescindível que haja um controle dietético do consumo de produtos açucarados.

A Profa. Dra. Mariza Maltz, deu uma excelente aula sobre tratamentos minimamente invasivos. A odontologia atual não aceita preparos extensos sem necessidade, devemos preservar ao máximo a estrutura dental. De acordo com uma pesquisa realizada, e que a Profa. Mariza nos mostrou, chegou-se a conclusão que estratégias menos invasivas para o manejo de lesões profundas de cárie não são amplamente usadas na prática clínica na França e Alemanha. Crenças modelam as decisões de tratamento.

O Prof. Dr. Edson Araújo relatou que o uso da resina em muitos países está voltando. Estão dando preferência as restaurações de resinas ao invés de facetas. No Brasil nota-se um uso excessivo e muitas vezes desnecessário de lentes de contatos. Os profissionais devem avaliar a real necessidade da realização desse tipo de tratamento.

Participando desse evento posso afirmar que a odontologia no Brasil, nos quesitos prevenção e mínima intervenção, é fantástica. Parabéns aos nossos pesquisadores e professores.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

12º Encontro Nacional e 2º Encontro Internacional de Odontologia para Bebê


Araçatuba sediará nos dias 06 e 07 de outubro o “12º Encontro Nacional e 2º Encontro Internacional de Odontologia para Bebês”

Com a coordenação do Prof Dr Robson Frederico Cunha, da Unesp de Araçatuba, tem como tema “Integralização para a saúde do bebê”. De acordo com a coordenação, o encontro oferece ampla discussão na assistência integral em saúde para o bebê.

É a segunda vez Araçatuba sedia o evento. Mas dessa vez  será bem especial, pois a Bebê Clínica de Araçatuba completa, em 2016, 20 anos de existência. Eu fiz estágio no local, logo no início de suas atividades, e foi de grande importância para a minha vida profissional.

A Bebê Clínica, de acordo com a coordenação, oferece atendimento para a população da cidade e região, com compromisso de educar os pais para gerar educação e prevenção nos bebês. Além de ser reconhecida por sua contribuição científica para o engrandecimento das pesquisas nesta área, Dr. Robson relata o oferecimento de uma assistência odontológica de natureza educativa e preventiva de alta qualidade.

A grade científica está excelente e acredito que teremos momentos de grande aprendizado, além de revermos amigos e grandes mestres da Odontologia para Bebê. Será uma oportunidade única.

Simpósio de HMI em Araraquara



Inicio parabenizando todos os envolvidos com a organização do evento. Foi perfeito!!!

Como eu já escrevi no blog em outro texto, a Hipomonineralização de molares e incisivos se tornou o maior desafio da odontopediatria atual. No momento, pesquisadores de todo o mundo tentam chegar a uma conclusão sobre a causa, prevalência, severidade e o tratamento mais adequado dessa má formação.

Nestes dois dias (16 e 17 de setembro) de Simpósio estiveram presentes representantes do Chile, Argentina, Colômbia e Brasil. Infelizmente, ainda há muito que se estudar para termos respostas mais precisas.

A Profa. Dra. Lourdes Santo Pinto, da Unesp de Araraquara, iniciou sua apresentação relatando o primeiro caso que ela teve contato com HM,I em 2002, o que a motivou a formar um grupo de estudos em Araraquara. Esse grupo teve inicio em 2008,e atualmente é responsável por 15% das publicações a respeito da HMI.

É muito difícil fazer a pesquisa, pois a maioria dos pais não se recorda com precisão de tudo que ocorreu durante a gestação e com a criança quando mais nova.

Algumas linhas de pensamento acreditam que a HMI pode ser causada devido a uma infecção que a criança teve na época da formação do dente. A dúvida é, foi a infecção ou o medicamento para combater essa infecção? Alguns estudos já demonstram que o antibiótico pode causar a má formação. Outros estudos relatam a possibilidade genética. A pessoa tem a carga genética e pode ser transferida para outra geração, e somando a influência do ambiente, pode ter a HMI.

Sabe-se hoje que, a dor independe do grau de severidade da doença.
A prevalência na Europa varia de 3,6% a 40%, na África de 2,9% a 13,7%, na Ásia 2,8% a 25,5%, na América de 6,4% a 40,2%, e na Oceania 14,9 a 44%.
Em El Cedro, na Colômbia, a prevalência é de 3,0%, em Medellín 12%. Já em Buenos Aires, na Argentina, a prevalência é 15,9%. Montevidéu é de 6,5%.
No Brasil podemos observar em Araraquara (SP) 12,3%, Pat.Paulista (SP) 14%, Botelho (MG) 19,8%, Rio de Janeiro (RJ) 40,2%, em Teresina (PI) 23,2%, Vila Velha (ES) 21 %, e Manaus (AM) 9,1%

De acordo com Profa. Tuka, o tratamento deve ser individualizado. As crianças com HMI são tratadas 10 vezes mais, devido a adesão insuficiente nesses dentes. A Profa. relata que as crianças com esta má formação podem ser mais ansiosas e apresentarem problemas de comportamento. A opção de tratamento ideal nem sempre é possível e planos alternativos devem ser considerados.
A palestrante argentina, Profa. Dra. Ana Maria Biondi, relatou que as pesquisas realizadas na Argentina não coincidem com a do grupo de Araraquara. Durante a sua palestra, ela nos mostrou as características ultraestruturais do dente com HMI. Disse que a HMI pode ser formada da 18ª semana de vida intrauterina até os 05 anos de idade.

A Profa. Dra. Maria Consuelo Fresno, do Chile, relatou que o mesmo paciente pode apresentar fluorose (alteração causada pelo excesso de flúor) e HMI. Tivemos a oportunidade de ver a Classificação Europeia, Classificação Universal e o diagnóstico diferencial de fluorose, hipoplasias, amelogênesis imperfeita e cáries.

O Prof. Dr. Alfonso Escobar Rojas, da Colômbia, relatou não haver, até o momento, nenhuma evidência científica confirmando a relação entre fluorose dentária e HMI. Eles são defeitos de esmaltes diferentes em relação à aparência clínica e patogênese. Segundo o professor, percebe-se uma diminuição da cárie dentária nos últimos 20 anos, em todo o mundo, e um aumento de dentes com defeitos de esmaltes (HMI e fluorose). Os defeitos no esmalte são cada vez mais evidentes, sendo uma preocupação entre clínicos e pesquisadores de todo o mundo.

As pesquisas no Brasil não detectaram o aparecimento da HMI com diferença nas classes sociais. Já o Chile encontrou um número maior nas pessoas de baixa renda. No Brasil, foi encontrada uma associação entre bebês prematuros e HMI. Seria um fator de risco os bebês prematuros. Já o Chile e Argentina não encontraram essa associação.

No Chile, de acordo com o Prof. Dr. Juan Diego Mejia, muitas vezes quando a criança possui os primeiros molares permanentes com HMI, eles optam pela extração dos quatro e a colocação de aparelho para que o segundo molar permanente ocupe o lugar do primeiro. Já nós, brasileiros, somos totalmente conservadores e tentamos ao máximo a preservação do dente e mantê-lo na cavidade bucal.

De acordo com a Profa. Dra. Marisa Gabrielli, os dentes com HMI possuem fibras nervosas pulpares em abundância. Muitas crianças sentem fortes dores para se alimentar ou até mesmo na hora de falarem. Na hora do tratamento, até mesmo com a anestesia a criança ainda continua sentindo dor.
O Prof. Dr. Weber Abad Ricci nos mostrou várias soluções estéticas para os casos de HMI e os protocolos clínicos.

A dificuldade que nós, profissionais, temos no momento, é a de dar uma resposta conclusiva aos pais. Eles querem saber o que foi responsável por essa má formação. Muitos não compreendem o tratamento complexo e muitas vezes insatisfatório. Eles querem uma solução imediata para a dor e para a estética. Infelizmente, algumas vezes, não podemos suprir essa expectativa dos pais. Os pesquisadores já deram grandes passos, mas ainda há muito para se estudar e conseguirmos uma resposta para a causa e um tratamento mais adequado, correspondendo aos anseios dos pais e do paciente.