segunda-feira, 6 de outubro de 2014

CFO quer maior compromisso com a saúde bucal



Ao ler a revista do Conselho Federal de Odontologia (CFO), me interessei pelo texto do Ailton Diogo Morilhas Rodrigues, atual presidente da entidade. Ele relata que é um compromisso do CFO, zelar pela saúde bucal do brasileiro e valorizar a ética da profissão no país, aproximando profissionais e pacientes. O Conselho se preocupa em saber como as ações de saúde bucal chegam até a população e se esta usa esse seu direito público.
Pensando nisso o CFO encomendou uma pesquisa ao Datafolha sobre conhecimentos, hábitos e atitudes da população, para mapear o setor e conduzir projetos para políticas públicas específicas, na defesa do cidadão e dos profissionais. Ainda de acordo com Ailton, os dados levantados embasam um relatório de pleitos e recomendações da classe odontológica que serão entregues aos principais candidatos à Presidência da República, para o mandato 2015-2018.
Foram entrevistadas 2085 pessoas a partir dos 16 anos e economicamente ativas; de todos os níveis sociais e regiões do País. As entrevistas foram feitas em 133 municípios de grande, médio e pequeno porte, em cidades do interior e da regiões metropolitanas.
O cirurgião dentista ganhou em média nota nove (profissionais da rede pública ganharam nota 8,5 e os particulares 9,2) e é reconhecido como profissional importante para diminuir as dores de dentes da população, porém precisa de melhores condições para trabalhar, além de maior divulgação das políticas públicas existentes.
Segundo a pesquisa, o brasileiro sabe da importância de ir ao dentista, no entanto a falta de hábito dessa visita é maior entre os que têm renda familiar mensal de até dois salários mínimos. Com isso, constatamos a necessidade de programas públicos que atendam essa população de renda mais baixa. É preciso que se tenha a consciência de que todos podem fazer uso dos serviços públicos.
Também constatou-se que a maioria acha difícil utilizar o serviço público em caso de emergência, 66% declararam não conseguir atendimento público de urgência.  Outro fato que chamou a atenção é que 2/3 dos brasileiros adultos não estão cientes de que a legislação do país garante o atendimento a urgências odontológicas, prevenção, assistência e reabilitação da saúde bucal e, entre os que sabem, acham que esses direitos em relação à saúde bucal não são efetivamente atendidos.
Dos entrevistados que não estavam em tratamento, 68% afirmaram que vão ao dentista uma vez por ano, 11% declararam que não costumam ir ao dentista (os mais velhos, com ensino fundamental, menor renda, moradores do Nordeste e de cidades do interior). Somente 2% nunca foram ao dentista. Esse número foi considerado baixo porque a população entrevistada é composta de pessoas acima de 16 anos.
Segundo a pesquisa pode-se cogitar que durante o ano de 2013 e os cinco primeiros meses de 2014, 111 milhões de pessoas foram ao dentista. Destes, 70% utilizou o serviço particular e 28% o público.
Em relação aos procedimentos mais procurados no atendimento público: 33% para extração, 30% para limpeza, 27% para restauração e 4% tratamento de canal. No privado foram 40% para limpeza, 25% restauração, 17% extração e 12% tratamento de canal.
Dos entrevistados, 59% acham seu estado de saúde bucal ótimo ou bom. Neste número se encontram os mais jovens, mais escolarizados e das classes sociais mais altas. E 10% dos entrevistados acham a saúde bucal ruim ou péssima.
Foi constatado que um a cada quatro brasileiros iniciam um tratamento, mas não terminam. Nos serviços públicos apenas 6% fazem essa alegação e o maior problema o agendamento da consulta (23%). Já no serviço particular agendar consulta não é problema (2%), mas condições financeiras sim (23%). Mesmo com essas dificuldades, a pesquisa indica que 31 milhões de brasileiros estão realizando algum tipo de tratamento odontológico.
Em média 49% da população escova os dentes três vezes ao dia: 78% ao levantar, antes do café da manhã;,76% depois do almoço; e 61% antes de dormir. Com relação ao fio dental, 57% afirmaram usar sendo que: 30% usam mais de uma vez por dia e 17% uma vez ao dia. Os entrevistados com filhos de até 18 anos: 72% já foram ao dentista, sendo que 48% vão uma vez a cada seis meses.
Em relação ao Programa Brasil Sorridente, a maioria não conhece, e os que conhecem (44%), apenas 7% estão realmente bem informados. Há uma falta de divulgação do Programa, já que 55% dos entrevistados não sabem se ele existe na sua cidade e 33% afirmam não existir.
O Programa é uma grande benfeitoria para a população, trouxe grande avanço para saúde bucal, mas é preciso que mais pessoas saibam e tenham acesso a ele.  Apenas 15% já utilizaram os serviços e desses, 81% o avaliaram como bom ou ótimo.
De acordo com Morrilhas, saúde bucal pública é obrigação dos governos e prevista em leis. Com o resultado da pesquisa será editado um documento oficial, chamado “O que esperamos do próximo presidente”, como proposta da sociedade por meio da classe odontológica.

“A finalidade é mobilizar instituições, governos, sociedade e os que se empenham na realização de debates e ações políticas e sociais, nas esferas: social, comunicacional, política e profissional, para continuarmos o caminho de fazer chegar a todos os brasileiros seus direitos adquiridos pela cidadania. O CFO quer uma odontologia mais fortalecida e para isso irá gerar pautas no Congresso, junto aos órgãos públicos e da categoria, para colocar as ações do Conselho na agenda federa”, finaliza Morrilhas.

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