Ao ler a revista
do Conselho Federal de Odontologia (CFO), me interessei pelo texto do Ailton
Diogo Morilhas Rodrigues, atual presidente da entidade. Ele relata que é um
compromisso do CFO, zelar pela saúde bucal do brasileiro e valorizar a ética da
profissão no país, aproximando profissionais e pacientes. O Conselho se
preocupa em saber como as ações de saúde bucal chegam até a população e se esta
usa esse seu direito público.
Pensando nisso o
CFO encomendou uma pesquisa ao Datafolha sobre conhecimentos, hábitos e
atitudes da população, para mapear o setor e conduzir projetos para políticas
públicas específicas, na defesa do cidadão e dos profissionais. Ainda de acordo
com Ailton, os dados levantados embasam um relatório de pleitos e recomendações
da classe odontológica que serão entregues aos principais candidatos à
Presidência da República, para o mandato 2015-2018.
Foram
entrevistadas 2085 pessoas a partir dos 16 anos e economicamente ativas; de
todos os níveis sociais e regiões do País. As entrevistas foram feitas em 133
municípios de grande, médio e pequeno porte, em cidades do interior e da regiões
metropolitanas.
O cirurgião
dentista ganhou em média nota nove (profissionais da rede pública ganharam nota
8,5 e os particulares 9,2) e é reconhecido como profissional importante para
diminuir as dores de dentes da população, porém precisa de melhores condições
para trabalhar, além de maior divulgação das políticas públicas existentes.
Segundo a
pesquisa, o brasileiro sabe da importância de ir ao dentista, no entanto a
falta de hábito dessa visita é maior entre os que têm renda familiar mensal de
até dois salários mínimos. Com isso, constatamos a necessidade de programas
públicos que atendam essa população de renda mais baixa. É preciso que se tenha
a consciência de que todos podem fazer uso dos serviços públicos.
Também constatou-se
que a maioria acha difícil utilizar o serviço público em caso de emergência, 66%
declararam não conseguir atendimento público de urgência. Outro fato que chamou a atenção é que 2/3 dos
brasileiros adultos não estão cientes de que a legislação do país garante o
atendimento a urgências odontológicas, prevenção, assistência e reabilitação da
saúde bucal e, entre os que sabem, acham que esses direitos em relação à saúde
bucal não são efetivamente atendidos.
Dos
entrevistados que não estavam em tratamento, 68% afirmaram que vão ao dentista uma
vez por ano, 11% declararam que não costumam ir ao dentista (os mais velhos,
com ensino fundamental, menor renda, moradores do Nordeste e de cidades do
interior). Somente 2% nunca foram ao dentista. Esse número foi considerado
baixo porque a população entrevistada é composta de pessoas acima de 16 anos.
Segundo a
pesquisa pode-se cogitar que durante o ano de 2013 e os cinco primeiros meses
de 2014, 111 milhões de pessoas foram ao dentista. Destes, 70% utilizou o
serviço particular e 28% o público.
Em relação aos
procedimentos mais procurados no atendimento público: 33% para extração, 30%
para limpeza, 27% para restauração e 4% tratamento de canal. No privado foram
40% para limpeza, 25% restauração, 17% extração e 12% tratamento de canal.
Dos entrevistados,
59% acham seu estado de saúde bucal ótimo ou bom. Neste número se encontram os
mais jovens, mais escolarizados e das classes sociais mais altas. E 10% dos
entrevistados acham a saúde bucal ruim ou péssima.
Foi constatado
que um a cada quatro brasileiros iniciam um tratamento, mas não terminam. Nos
serviços públicos apenas 6% fazem essa alegação e o maior problema o
agendamento da consulta (23%). Já no serviço particular agendar consulta não é
problema (2%), mas condições financeiras sim (23%). Mesmo com essas
dificuldades, a pesquisa indica que 31 milhões de brasileiros estão realizando
algum tipo de tratamento odontológico.
Em média 49% da
população escova os dentes três vezes ao dia: 78% ao levantar, antes do café da
manhã;,76% depois do almoço; e 61% antes de dormir. Com relação ao fio dental, 57%
afirmaram usar sendo que: 30% usam mais de uma vez por dia e 17% uma vez ao
dia. Os entrevistados com filhos de até 18 anos: 72% já foram ao dentista,
sendo que 48% vão uma vez a cada seis meses.
Em relação ao
Programa Brasil Sorridente, a maioria não conhece, e os que conhecem (44%),
apenas 7% estão realmente bem informados. Há uma falta de divulgação do Programa,
já que 55% dos entrevistados não sabem se ele existe na sua cidade e 33% afirmam
não existir.
O Programa é uma
grande benfeitoria para a população, trouxe grande avanço para saúde bucal, mas
é preciso que mais pessoas saibam e tenham acesso a ele. Apenas 15% já utilizaram os serviços e desses,
81% o avaliaram como bom ou ótimo.
De acordo com
Morrilhas, saúde bucal pública é obrigação dos governos e prevista em leis. Com
o resultado da pesquisa será editado um documento oficial, chamado “O que
esperamos do próximo presidente”, como proposta da sociedade por meio da classe
odontológica.
“A finalidade é
mobilizar instituições, governos, sociedade e os que se empenham na realização
de debates e ações políticas e sociais, nas esferas: social, comunicacional,
política e profissional, para continuarmos o caminho de fazer chegar a todos os
brasileiros seus direitos adquiridos pela cidadania. O CFO quer uma odontologia
mais fortalecida e para isso irá gerar pautas no Congresso, junto aos órgãos
públicos e da categoria, para colocar as ações do Conselho na agenda federa”,
finaliza Morrilhas.
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