“Os tempos mudaram e nós temos que mudar também.” - Ernest Newburn, 1992.
Durante o ALOP
2014 (Congresso Latino-Americano de Odontopediatria) tive a oportunidade de ouvir,
pela primeira vez, a Dra Daniela P. Raggio e participar, mais uma vez, de uma
palestra com o Dr José Carlos P. Imparato. Admiro muito a dedicação do Dr
Imparato com a odontopediatria. Ele é autor de diversos livros, e alguns deles fazem
parte da minha biblioteca e são de grande valia para nós, odontopediatras.
Já há alguns
anos o conceito de diagnóstico de cárie vem mudando. Quando fiz a faculdade os
preparos eram extensivos e com retenção para o material restaurador. Seguia os
postulados de Black. Com a evolução dos materiais odontológicos e evidências
científicas relacionadas a preparos mais conservadores, hoje temos uma
odontologia menos invasiva, que preserva a estrutura dental. É sempre bom
ressaltar que nada é melhor que o nosso dente sadio.
De acordo com a
Dra Daniela, o diagnóstico está atrelado ao sucesso do tratamento do paciente.
Se o profissional tiver alguma dúvida, deve reavaliar, para evitar qualquer
tratamento mais invasivo e desnecessário.
Tempos atrás a
maioria dos pontos escuros nos dentes eram considerados cáries. Faríamos o
desgaste do dente e colocaríamos o material restaurador. Hoje, de acordo com a
Dra Daniela é necessário questionar.
- Há uma lesão
cariosa?
- Que tipo de
lesão? Ela está ativa ou inativa?
- Há cavidade?
- Há necessidade
de intervenção?
- Que tipo de
intervenção?
De acordo com o Dr.
Imparato é um grande desafio mudar a opinião dos profissionais. Durante a sua
explanação ele pediu para que todos os presentes divulgassem a importância
desse novo conceito de tecido cariado. Ele destaca que todos nós temos o dever
de usar o melhor das evidências científicas em nossos pacientes. Um diagnóstico
errado pode levar ao fracasso do tratamento.
O Brasil lidera
esse conceito de preservação da estrutura dental. Eu pude comparar a nossa
odontologia com a dos Estados Unidos este ano, quando visitei a University of
Florida, e realmente a nossa odontologia é muito menos invasiva e mais
conservadora.
Imparato
ressalta que o profissional não necessita de aparelhos evoluídos, mas é
fundamental que ele saiba fazer um correto diagnóstico. Os profissionais
precisam sair dos seus consultórios e se atualizarem, evitando assim exercer
uma odontologia arcaica e invasiva.
A odontologia
convencional, de preparo cavitário, não é mais usada hoje. A nossa odontologia
atual evita anestesia, tratamento de canal, enfim, tratamentos mais traumáticos.
“Não são os mais fortes ou os mais inteligentes da
espécie que sobrevivem, e sim os mais suscetíveis as mudanças.” - Charles Darwin
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