quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Crianças podem “pegar” cárie?


Durante o Congresso Brasileiro de Odontopediatria, a Profa. Dra Branca Heloisa de Oliveira relatou que, segundo a Organização Mundial da Saúde, em pesquisa realizada em 2010, a Prevalência de Cárie nas crianças aos 05 anos de idade é de 53,4%. Nessa idade, uma criança brasileira possui, em média, 2,43 dentes com experiência de cárie. Ainda segundo a pesquisa, 80% das lesões de cárie permanecem sem tratamento.
Neste Congresso, a Dra Branca veio para nos mostrar à reformulação do conceito de cárie. De acordo com ela, não podemos dizer que a cárie é uma doença infecciosa, pois não pode ser tratada com antibióticos. Trata-se de uma doença infecciosa endógena e não é possível impedir a colonização da boca por micro-organismo envolvidos na sua etiologia. Também devemos mudar o conceito sobre a transmissibilidade. A doença não é transmissível, o que é transmitido é o micro-organismo (transmissão horizontal e vertical), mas não a doença. Podemos ter o micro-organismo, mas não desenvolver a doença.
O maior inimigo da cárie é o açúcar. Na realidade devemos nos preocupar com a transmissão de hábitos incorretos e não com a transmissão do micro-organismo da cárie.
Segundo a Dra Branca não existe um micro-organismo específico responsável pelo desenvolvimento da cárie. Não há como impedir ou controlar a transmissão, e não é possível prevenir ou controlar a doença eliminando os micro-organismos envolvidos na sua etiologia. 
De acordo com Branshaw & Lynch, 2013 o Streptococcos Mutans é o que produz mais ácido do que as outras espécies de streptococos e micro-organismos presentes na boca – acido gênicos. Ele metaboliza grandes variedades de açucares e produz polissacarídeos extracelulares (aumenta a espessura do biofilme e promove adesão).
A Dra relata, que as formas eficazes de controle da cárie seriam o controle da ingestão de açúcar e higiene bucal correta. Há comprovação eficaz de controle da doença em pré-escolares que seriam o controle do açúcar e escovação com a presença de flúor.
De acordo com trabalho publicado na Community Dental Health em 2004, existe maior chance de uma criança com 06 anos de idade ou menos desenvolver cárie se a aquisição de Streptococcus Mutans ocorrer precocemente, mas isso pode ser parcialmente compensado por outros fatores como: boa higiene bucal e dieta saudável. Se houver um equilíbrio, o desenvolvimento de cárie pode ser controlado.
Portanto assoprar a comida do bebê e beijo na boca irá transmitir o micro-organismo da cárie e para doença desenvolver há necessidade de uma alimentação rica em açúcar e má higiene bucal. É muito importante para o controle da cárie a redução no consumo de bebidas e alimentos açucarados. Estudos são consistentes ao demonstrarem a existência de associação entre a saúde bucal da mãe e a saúde bucal da criança. 
É essencial que os pais procurem orientação de um especialista para não passarem hábitos incorretos que possam levar a criança a ter cárie. É de nossa responsabilidade a saúde bucal de nossos filhos. Como eu sempre digo: Prevenção odontológica – Uma Atitude Inteligente.


quarta-feira, 14 de outubro de 2015

O Pré-natal Odontológico no Consultório Privado: da Gestante ao Neonato



Durante o Congresso Brasileiro de Odontopediatria, mais uma vez o Prof. Dr. Gabriel Politano nos mostrou a importância do pré-natal odontológico.

Muitas gestantes ainda têm receio de procurar o dentista durante o período gestacional, mas é necessário divulgar a importância de uma boa saúde bucal durante este período. É justamente por ela estar grávida que deve visitar um dentista. Alguns estudos demonstram que doenças na gengiva aumentam o risco de parto prematuro. Fazendo as visitas de controle, a gestante poderá evitar problemas e maiores desconfortos.

De acordo com Dr. Gabriel, durante a gestação não há necessidade de se iniciar um tratamento estético, mas quando há envolvimento de doença, devemos realizar o tratamento.

O professor ressalta o medo que muitas gestantes têm de tomar anestesia e de realizar um raio-X, mas se for necessário realizar um tratamento ela deverá se submeter tanto ao raio-X (com todas as normas de segurança adequadas) quanto a anestesia, sem receio.

A gestante deve procurar o dentista não apenas em caso de dor, mas também para receber orientações sobre cuidados com sua higiene bucal e a do bebê. Durante as consultas da gestante, devemos orientá-las com relação ao aleitamento materno e hábitos de sucção não nutritivos (dedo, chupeta) que, de acordo com o professor, devem ser removidos até os 02 anos de idade. A chupeta, por exemplo, se puder evitar o seu uso será melhor. Mas se a criança chupa chupeta ela não deve ser usada sem limites, não deve ser oferecida a todo o momento, apenas na hora de dormir.

Quanto às crianças que fazem uso da mamadeira os pais também precisam receber orientação para fazer o seu uso de forma correta.

O aleitamento, depois que a criança tiver já um dentinho na boca, deve ser evitado nas madrugadas. Mesmo que o aleitamento seja o materno, há necessidade de se fazer a higiene da boquinha. Muitas crianças que continuam mamando no peito por muito tempo, já se alimentam (papinhas, frutas, sucos e etc.).

Não há nada, até o momento, que comprove a necessidade de limpar a boquinha do bebê edêntulo (sem dentes), mas se a mamãe quiser, poderá limpar com uma gaze ou fralda umedecida em água filtrada. Quando o meu filho era bebê eu optei por limpar após cada mamada. Assim, eu evitava que ficasse aquele restinho de leite na boquinha dele.

Finalizando, o Dr. Gabriel ressaltou a importância de tranquilizarmos as mamães quanto a época da erupção dos dentinhos. As mães devem saber que os dentinhos não nascem na mesma época em todas as crianças. Algumas crianças no aniversário de um ano ainda não possuem nenhum dentinho, e isso é normal.